Deputados avaliam reflexos do processo de impeachment

Rogério Correia (PT) e Gustavo Corrêa (DEM) antecipam as articulações e os próximos passos da situação e da oposição.

18/04/2016 - 17:25

O Partido dos Trabalhadores (PT) já tem dois atos agendados em defesa da presidente Dilma Rousseff e contra o que classificam como “golpe da oposição”. A informação é do deputado Rogério Correia (PT), líder do Bloco Minas Melhor, que concedeu entrevista coletiva na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta segunda-feira (18/4/16), um dia depois de a Câmara dos Deputados aprovar a admissibilidade do pedido de impeachment da presidente Dilma. O primeiro ato será no dia 21 de abril, em Ouro Preto (Região Central do Estado), com a presença do ex-presidente do Uruguai, José Mujica, e dos movimentos sociais. Esta data lembra a morte de Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira.

“Vamos fazer a denúncia internacional do golpe”, citou Rogério Correia, lembrando a projeção internacional de Mujica. O segundo ato será em 1º de maio, Dia Internacional do Trabalho. O parlamentar ressaltou que o partido ainda não se reuniu para avaliar os últimos acontecimentos políticos e definir todos os próximos passos. Mas confirmou que o governo da presidente Dilma deverá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão da Câmara, por entender que os chamados “crimes de responsabilidade” não foram considerados na votação.

“As justificativas foram Deus, a família, o eleitorado. Substituíram a eleição direta pela eleição indireta, dirigida por um corrupto e ladrão”, criticou Rogério Correia, referindo-se ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Sobre os possíveis reflexos em Minas, o parlamentar afirmou que estranhou a posição do PMDB mineiro, mas que espera manter o diálogo com o partido e a aliança que é importante para garantir aprovações de projetos na ALMG. “Não nos interessa uma crise institucional. Mas não é um apoio a qualquer custo. Temos compromisso de levar adiante o programa eleitoral vitorioso”, afirmou.

Oposição - O deputado Gustavo Corrêa (DEM), líder do Bloco Verdade e Coerência, rebateu as críticas do colega e avaliou que o processo na Câmara transcorreu normalmente, com aval do STF. “A maioria dos deputados ouviu a população brasileira e votou favorável ao impeachment. Votou de acordo com a consciência”, definiu. A oposição ao governo Dilma, segundo ele, está ao lado do povo, que foi enganado durante a eleição e, agora, pede a saída da governante. Ele criticou a presidente por não aceitar discutir a agenda para o País proposta pelos partidos de oposição.

Gustavo Corrêa frisou que a oposição em Minas é responsável e sempre votará projetos favoráveis ao Estado. Mas se, no momento adequado, entender que o governador Fernando Pimentel cometeu crimes de responsabilidade, não hesitará em apresentar o pedido de impeachment. “Antes que a oposição solicite isso, a Polícia Federal e o Ministério Público farão o pedido de prisão do governador”, aposta o deputado, referindo-se às investigações em curso contra Pimentel.

O deputado avaliou que o PMDB de Minas também ouviu a população para definir a posição no julgamento do impeachment. “Os mineiros, assim como os brasileiros, querem a mudança”, frisou. Por isso, para o deputado, o PMDB, que integra a base do governo mineiro, e a oposição em Minas estarão lado a lado nos próximos meses. “Sempre dialogamos com o PMDB e vamos manter esse diálogo. Estaremos do lado dos mineiros”, afirmou. Para Gustavo Corrêa, o PT será o grande derrotado nas eleições municipais de 2016, com reflexos também em 2018.