Representante da Polícia Militar disse, na audiência, que serão estudadas formas para se resolver o problema

Distrito no Sul de Minas denuncia aumento da violência

Vereadores acreditam que razão é a retirada do efetivo policial; questão foi discutida em reunião nesta quarta (23).

23/03/2016 - 13:55

Vereadores de Campos Gerais (Sul de Minas) denunciaram, na manhã desta quarta-feira (23/3/16), o aumento de violência em um dos seus distritos, Córrego do Ouro. A principal causa do problema seria, segundo eles, a retirada do efetivo policial do local, mas a Polícia Militar contesta a informação e reforça a necessidade de registrar as ocorrências para que seja possível estudar as melhores maneiras de se enfrentar o problema. Durante a reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), vários vereadores relataram casos de assaltos que aconteceram recentemente com eles ou com pessoas próximas. A maioria dos casos seria de arrombamentos e assaltos à mão armada.

“O distrito de Córrego do Ouro vivia tranquilamente quando um subdestacamento de três policiais atuava ali, mas agora nenhum policial trabalha no distrito mais”, explicou o vereador Maurílio Antônio Pereira. “O povo está acuado, com medo. Nem registram mais as ocorrências porque não acreditam que vai resolver. Entraram na minha casa recentemente, temos indícios de quem foi e, mesmo assim, nenhuma atitude foi tomada”, completou outro vereador, Djalma Santos Pereira. Ele acrescentou, ainda, que muitos fazendeiros e sitiantes estão indo embora da região por medo da violência.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), autor do requerimento que deu origem à reunião, salientou que o distrito conta com 5 mil habitantes e tem equipamentos como banco, escola, posto de saúde e paróquia. “Temos toda estrutura de uma cidade sem nenhum policial”, salientou. “Córrego do Ouro é o maior produtor de café por área do mundo desde 1992”, completou o deputado Duarte Bechir (PSD). O deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB) também exaltou a produção local de café e disse que a ausência de policiais ali é um desrespeito.

Vereadores e deputados responsabilizaram a falta de efetivo policial no distrito pelos problemas. “Não vou dizer que é culpa da Polícia Militar, é culpa do governo. Sem dinheiro, não se faz nada”, disse o deputado Dilzon Melo (PTB). O deputado Sargento Rodrigues (PDT) destacou que não só a Policia Militar é responsável pela segurança pública e seria preciso trazer para a discussão outros agentes, como membros do Ministério Público e da Polícia Civil.

“Uma coisa importante de se pontuar é que a Polícia Militar trabalha com cientificidadade, então se o quadro estatístico não mostrar aumento da violência, não é possível traçar estratégia para resolver”, disse o Major da Polícia Militar, Israel Calixto Júnior, chefe da assessoria de articulação operacional. Ele afirmou que os índices oficiais de criminalidade do distrito não são altos, com o registro de 10 crimes violentos desde o início de 2014 até ontem (22). “É um quadro muito diverso do que foi relatado nesta reunião, então é preciso aproveitar a mobilização demonstrada aqui para incentivar as pessoas a registrarem as ocorrências”, disse.

O representante da Polícia Militar disse, ainda, que é sensível às questões apresentadas e que serão estudadas formas para se resolver o problema. “Não consigo dar a melhor resposta agora, mas me parece que o ideal não seria o retorno do subdestacamento ao distrito, mas um plano de policiamento especial”, disse. Segundo ele, isso deverá ser discutido com o tenente no município, mas reforçou que nem sempre o subdestacamento é a melhor opção.

Investimentos - O deputado Sargento Rodrigues criticou, ainda, a legislação, que considerou branda, principalmente no que diz respeito à impossibilidade de aplicação de sanções penais para menores de 18 anos. Ele também reprovou o atual Governo Estadual, que, segundo ele, teria reduzido os investimentos em segurança pública. “Em 2014, a Polícia Civil recebeu R$ 33 milhões em investimentos; em 2015, foram apenas R$ 4 milhões. No caso da Polícia Militar, o corte para custeio de 2014 para 2015 foi de R$ 98 milhões”, afirmou. Segundo Rodrigues, houve, ainda, aumento de assassinatos de policiais em serviço ou razão da sua atividade.

Consulte o resultado da reunião.