Plenário da ALMG homenageia Sind-UTE
Evento celebrou 36 anos da entidade e a conquista da categoria com a aprovação da Lei 21.710, de 2015.
11/12/2015 - 11:02A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) homenageou, na noite de ontem (10/12/15), o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), pela conquista histórica representada pela Lei 21.710, de 2015, que estabelece uma política de valorização dos servidores da educação. O sindicato também completa, em 2015, 36 anos de fundação.
O deputado Professor Neivaldo (PT), que solicitou a homenagem, recordou que a criação do sindicato, no fim dos anos 70, aconteceu em um momento de repressão durante a ditadura militar, em que os trabalhadores da educação tiveram a coragem de se organizar e construir a entidade. “Esse sindicato ousou ir para as ruas, reivindicar salários dignos e denunciar o abandono da educação”, reforçou.
Ainda segundo Professor Neivaldo, a partir de 1991, a luta da categoria passou a ser a sua bandeira e o seu ideal, seja como um trabalhador, dentro da sala de aula, seja à frente da luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade, por trabalhadores valorizados, com um plano de carreira e um piso salarial digno.
Para o deputado, em 2015, o Sind-UTE conseguiu um acordo histórico, que resgata a luta da categoria por direitos há tanto tempo reivindicados, entre os quais o piso salarial profissional nacional, o descongelamento da carreira, as eleições para diretores, a aposentadoria, e a efetivação de concursados.
O papel desempenhado pelo Sind-UTE nas lutas em defesa da democracia, das transformações sociais e de direitos já conquistados também foi destacado pelo parlamentar. Ele mencionou, por exemplo, que a entidade luta contra o projeto de lei da terceirização, o extermínio da juventude negra, a redução da maioridade penal, pelos direitos das mulheres, negros e da comunidade LGBT.
O deputado Rogério Correia, que lembrou a greve de 112 dias realizada pela categoria no governo passado, em prol da efetivação do piso salarial, parabenizou o sindicato por ter colocado a pauta da educação como prioritária, logo no início do atual governo, neste ano. “Hoje, creio que pode acontecer tudo no governo, menos o descumprimento do piso. Comemorar hoje é também uma forma de luta, pois é uma lembrança de que esse compromisso tem de ser cumprido, já que foi assumido não apenas com vocês, mas também com toda a sociedade mineira que elegeu a educação como a pauta principal a ser cumprida por este governo”, destacou.
Professor Neivaldo, juntamente como deputado Rogério Correia (PT), que representou o presidente da Assembleia, deputado Adalclever Lopes (PMDB), fizeram a entrega de uma placa alusiva à homenagem à coordenadora-geral do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira.
Ela destacou que a celebração rememora os momentos de dificuldade pelos quais a categoria passou ao longo dos anos, marcados por greves, manifestações, congelamento de carreiras, e a imposição de subsídio. “O sentido de comemorar é porque fizemos uma caminhada da qual começamos a colher os frutos. Se não celebramos aquilo que conquistamos, desistimos, porque a luta na educação básica pública no Brasil é muito árdua, muito sofrida, e nos adoece e entristece. Se não tivermos a perspectiva de conquista, desistimos. Mas o lema do Sind-UTE é o contrário: a gente nunca desiste”, disse.
Além de celebrar, Beatriz Cerqueira pontuou a necessidade de se refletir sobre o momento vivido pelo País e sobre a importância dos sindicatos se posicionarem.“Estamos num momento em que não podemos nos calar. Não para defender a Dilma, não para defender o PT, mas para defender a democracia, que é muito maior do que tudo isso”, afirmou
Ao defender que o sindicato se empenhe em lutas sociais que não digam respeito apenas à categoria, ela lembrou da tragédia ocorrida em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, com o rompimento das barragens de rejeito da mineradora Samarco. Para ela, atualmente não há luta mais importante no Estado do que não permitir que o fato, classificado por ela como um crime, seja esquecido. Para exemplificar sua fala, a representante do Sind-UTE citou a história de uma jovem que ao tentar salvar o filho da correnteza de lama, sofreu um aborto voluntário. “Alguém precisa contar essas coisas. Se não somos nós, não haverá outros, porque são os oprimidos que contam as histórias que vivem”, protestou.