O Auditório ficou lotado durante audiência sobre lutas e desafios políticos enfrentados pelos trabalhadores da educação no Estado
Parlamentares parabenizaram a luta da categoria ao longo dos anos e ressaltaram que os desafios continuam

Lutas dos trabalhadores da educação são lembradas na ALMG

Categoria exerceu papel importante na construção de organizações representativas da classe trabalhadora.

10/12/2015 - 21:15 - Atualizado em 11/12/2015 - 11:22

Entre o fim da década de 70 e início dos anos 80, durante o período da ditadura militar, os trabalhadores da educação, buscando a concretização de seus direitos e de melhores condições de trabalho, exerceram um papel fundamental na construção das organizações representativas da classe trabalhadora, como o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), o Partido dos Trabalhadores (PT) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), e contribuíram por meio de sua luta para o fim do regime militar.

A análise é do professor da rede pública estadual Cássio Diniz, um dos autores do livro História e Consciência de Classe na Educação Brasileira, que faz uma análise das lutas e desafios da categoria no Estado, entre os anos de 1979 e 1983, e que foram comemorados em reunião realizada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quinta-feira (10/12/15).

“Quem está presente aqui provavelmente foi protagonista da história que está neste livro”, disse Diniz. Um dos momentos marcantes lembrados na obra pelo professor foi a greve da categoria, em 1979. Segundo ele, na época, já havia um desgaste do regime militar, com uma situação econômica marcada pela inflação, que atingiu também a classe trabalhadora. “Diante da precarização do trabalho docente, os professores perceberam que somente a luta poderia trazer soluções imediatas e para o futuro”, ressaltou, ao lembrar que as greves, as mobilizações de rua e a construção de entidades sindicais foram as ferramentas usadas para isso.

Segundo ele, a situação de precarização do trabalho docente, associada à falta de direitos e aos péssimos salários, unida à percepção da importância de um enfrentamento coletivo e de massa à ditadura, culminaram na greve de 1979, um movimento considerado por Diniz como vitorioso, tanto do ponto de vista das reivindicações que foram acolhidas pelo governo, como também pelo amadurecimento político da categoria. “Os professores foram protagonistas da sua própria luta”, disse.

Como resultado de todo esse processo, Diniz pontuou que em 1979 nasceu também o Sind-UTE e, em 1980, o PT, primeiro grande partido de massas. Na sua avaliação, não se pode descartar o papel do partido na década de 80. Ele também ressaltou que a participação dos trabalhadores da educação nas grandes mobilizações contribuiu para o enfraquecimento social do regime militar. “Muitos não tinham clareza que aquela luta por melhores salários repercutia numa luta contra a ditadura militar. Era impossível falar em melhores condições de trabalho e melhores salários sem democracia”, concluiu.

O deputado Rogério Correia (PT) lembrou que as greves operárias, de professores e as atividades estudantis resultaram em um momento profícuo na luta pela liberdade e foram fundamentais para colocar em xeque os pilares que sustentavam o período autoritário. “Vivemos um momento em que não podemos permitir que se repita nenhum corte na democracia”, disse.

O deputado Professor Neivaldo (PT) parabenizou a comemoração da luta da categoria ao longo dos anos, mas lembrou que os desafios continuam. “Todos nós fazemos parte desta história”.

A coordenadora do Departamento de Formação do Sind-UTE, Feliciana Alves do Vale Saldanha, e o secretário-geral da CUT-MG, Jairo Nogueira Filho, destacaram que o livro do professor Cássio Diniz é um registro importante para o movimento sindical, além de ser um trabalho que reflete na própria organização sindical.

O Plenário da ALMG também realizou na noite desta quinta uma Reunião Especial em homenagem aos 36 anos do Sind-UTE.