Servidores da saúde pedem mudanças na Fhemig
Denúncias de más condições de trabalho, sucateamento da estrutura física e salários defasados na rede são as motivações.
24/11/2015 - 16:02 - Atualizado em 24/11/2015 - 16:22Representantes de servidores e usuários da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) cobraram, em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), providências do governo estadual quanto aos problemas e dificuldades enfrentados na rede de atendimento. Neste sentido, com o apoio do presidente da comissão, deputado Arlen Santiago (PTB), que solicitou o debate, realizado nesta terça-feira (24/11/15), querem a saída do presidente da fundação, Jorge Nahas.
Ao longo da reunião, foram apresentadas diversas denúncias de más condições de trabalho dos servidores, sucateamento da estrutura dos hospitais e centros de saúde, baixos salários e do não cumprimento do acordo de greve firmado entre o Poder Executivo e os trabalhadores da rede no primeiro semestre deste ano. O presidente da Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais (Astheng), Carlos Augusto dos Passos Martins, por exemplo, disse que não há ações de prevenção contra contaminações dos servidores no trato com pacientes; que o serviço da rede está sendo sucateado; e que, apesar disso, o presidente não tem feito nada para melhorar o atendimento.
“O governo e a Fhemig não estão cumprindo os acordos feitos ao final da greve. As condições de trabalho vem piorando, com a redução do quadro de funcionários e a falta de investimento em estrutura”, explicou Carlos Augusto. O convidado alertou, ainda, que ameaças a servidores que participam de movimento grevista vem sendo feitas.
A presidente do Sindicato de Servidores do Instituto de Previdência do Estado (Sisipsemg), Maria Abadia de Souza, também destacou as más condições de trabalho e a estrutura física inadequada da Fhemig. Diante disso, defendeu redução de jornada de trabalho, sem perda salarial, para que se possa prestar um melhor atendimento aos pacientes.
A professora e ativista de Direitos Humanos, Mônica Fernandes Abreu, também cobrou o cumprimento dos acordos de greve e denunciou o corte de ponto de servidores que participaram de outra paralisação, realizada em outubro. “O Estado vem reduzindo e, em alguns casos, não paga mais as gratificações por produtividade dos trabalhadores da rede. Os servidores literalmente apanham de pacientes por não ter estrutura adequada e ainda não são valorizados em termos salariais”, lamentou.
A servidora aposentada do Ipsemg, Marília Maia Coutinho, considera a situação da saúde no Estado e da Fhemig críticas. Mesmo assim, alerta não ver respostas para o problema por parte do poder público. Ela pede que seja feito concurso público para recomposição de quadro de servidores.
Ex-colônias de hansenianos – A representante da Casa de Saúde Santa Fé, de Três Corações (Sul de Minas), Michele Regina de Paula, afirmou que o local, uma ex-colônia de hansenianos de responsabilidade da Fhemig, está abandonado. "Já fizemos várias denúncias. Não temos sequer asfaltamento no lugar. Precisamos de apoio", destacou. Segundo ela, a comunidade se acostumou a presenciar muitas reuniões e nada ser feito. "Ninguém acredita mais em melhorias", pontuou. Ela criticou a direção do local, dizendo que quem não é “da turma”, é isolado.
A representante da Casa de Saúde Padre Damião, de Ubá (Zona da Mata), Ondina Flausino, também criticou o atual estado da ex-colônia. Ela disse que faltam cadeiras de rodas para pacientes e também serviços de manutenção no local. “Além disso, temos servidores de outras cidades que não recebem vale-transporte e estamos, ainda, com problemas nos serviços da lavanderia”, denunciou.
Deputados reforçam necessidade de mudança
O presidente da comissão, deputado Arlen Santiago (PTB), destacou que existem diversas denúncias contra o presidente da Fhemig de assédio moral e de falta de respostas a problemas de estrutura nos hospitais da rede, tanto na capital quanto no interior. O parlamentar leu, ainda, documento enviado pela Fhemig em resposta a reivindicações de servidores, que repudiam as alegações de descuido e má gestão. O texto aponta que o movimento seria uma forma de alimentar o conflito entre a fundação e os usuários.
“É lamentável. A fundação acusa os servidores de mentirem nas denúncias, mas não nega, por exemplo, casos de violência sexual, tentativa de suicídio dentro dos hospitais da rede e casos de contaminação em colônias de hansenianos”, ressaltou Arlen Santiago. O deputado acusou, ainda, o presidente da Fhemig de mentir nas respostas às denúncias apresentadas. “É preciso que o presidente Jorge Nahas deixe o cargo o quanto antes”, salientou. Para o parlamentar, não há vontade do presidente em resolver os problemas da Fhemig.
O deputado Carlos Pimenta (PDT) destacou que a Fhemig é uma instituição 100% ligada ao Estado e tem um trabalho fundamental para a população. Com isso, entende que o governo precisa dar uma atenção maior aos servidores e à estrutura da rede. “Temos que modernizar e investir. O presidente Jorge Nahas está ausente das discussões e aceitando um orçamento para o próximo ano que é abaixo do necessário”, lamentou. Já o deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB) disse que a saúde do Estado precisa de mais atenção. "A causa dos servidores da Fhemig é nobre e todos podem contar comigo", salientou.
Encaminhamentos – Ao final, o deputado Arlen Santiago apresentou uma série de requerimentos. Muitos deles com pedidos de providências ao Ministério Público, Tribunal de Justiça, à Secretaria de Estado da Saúde, à direção da Fhemig e ao governo estadual quanto aos problemas enfrentados na rede no que se refere a cumprimento de acordos de greve, más condições de trabalho dos servidores, defasagem salarial, atendimento inadequado aos usuários e de falta de investimento em estrutura nos centros de saúde da fundação.