Durante a abertura do evento, foi lançada a 3ª edição do livro
O evento foi realizado no Plenário da ALMG

Mais mulheres na política podem ajudar a combater violência

Violência contra mulheres foi um dos destaques da abertura de ciclo de debates sobre participação feminina na política.

13/03/2015 - 11:53 - Atualizado em 16/03/2015 - 11:51

Sete em cada dez mulheres no mundo já foram ou serão violentadas em algum momento de sua vida, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). O dado foi apresentado pela deputada Rosângela Reis (Pros) durante a abertura do Ciclo de Debates Reforma Política, Igualdade de Gênero e Participação: O que querem as mulheres de Minas, nesta sexta-feira (13/5/15). O evento, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), aborda os desafios para a ampliação da participação feminina na política.

A deputada Rosângela Reis, que representou o presidente da ALMG, deputado Adalclever Lopes (PMDB), destacou que a violência contra a mulher, juntamente com o envolvimento feminino na política, são temas urgentes e que precisam ser debatidos. “De que modo podemos romper esse ciclo de violência e de impunidade e defender o respeito à diversidade?”, provocou a parlamentar.

Ao falar sobre a Lei Maria da Penha (Lei Federal 11.340, de 2006), que coíbe a violência doméstica e familiar contra a mulher, além de punir o agressor, a deputada Rosângela Reis lembrou que Minas Gerais ainda não implementou os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, um dos dispositivos previstos pela norma. Segundo ela, esses juizados possibilitariam que a rede de atendimento trabalhasse de forma mais rápida e integrada.

Representação - A deputada ainda destacou que o ciclo de debates promovido pela Assembleia tem o intuito não apenas de celebrar o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, como também refletir sobre o exercício pleno da cidadania e a conquista de direitos das mulheres, que, embora constituam a maioria da população e do eleitorado brasileiro, ainda são sub-representadas nos espaços de poder. “Apenas em 1932 as mulheres tiveram direito ao voto e, na sequência, de serem votadas. E em 180 anos, apenas 30 mulheres ocuparam assento no Parlamento mineiro”, destacou.

Para ela, a tarefa que cabe à ALMG é a de estimular a presença das mulheres nos centros de decisões e promover um debate sobre a necessidade de uma reforma política que amplie e assegure a participação feminina nas instâncias de poder. Nesse contexto, a deputada frisou a importância da criação da Comissão Extraordinária das Mulheres, na última quarta-feira (11), na luta pelo combate à discriminação.

A deputada Marília Campos (PT) lembrou da luta e das mudanças por que teve que passar para chegar aonde chegou no campo político, já que a ela, como à maioria das mulheres, sempre foi reservado o espaço do lar. Para a parlamentar, o lugar da mulher na esfera política não lhe será dado, mas sim conquistado. “Não basta apenas ter a mudança das pessoas que estão na política, precisamos mudar a política, e é por essa razão que mais mulheres têm que participar”, destacou. Ao lembrar que na 18ª Legislatura apenas sete mulheres, entre 77 parlamentares, compõem o Parlamento Mineiro, ela manifestou seu desejo de ver uma maior participação feminina na ALMG, bem como a presença de uma mulher na Mesa diretora da Casa.

O deputado Doutor Jean Freire (PT) ratificou as palavras da colega, de que é necessário aumentar a representatividade das mulheres no Parlamento. Na sua avaliação, a bancada feminina da ALMG deveria contar com, pelo menos, 50% de parlamentares. Como médico, o deputado também disse que se preocupa com a questão da saúde da mulher.

Celise Laviola (PMDB), vice-presidente da Comissão Extraordinária das Mulheres, disse que a participação feminina é importante não apenas no processo eleitoral, mas em todas as instâncias do processo político. A deputada Cristina Corrêa (PT) também defendeu uma maior abertura na esfera política para a participação feminina. Para ela, o preconceito com relação à entrada da mulher nesse campo ainda é velado, embora já exista uma maior aceitação da população à gestão feminina. A deputada Ione Pinheiro (DEM) destacou que a política é uma atividade nobre, da qual as mulheres não devem se envergonhar por participar.

A deputada Geisa Teixeira (PT) disse que a ampliação do debate sobre a participação da mulher na política deve se estender e se popularizar, de maneira que todas as mulheres, sejam elas mães, negras, de todas as religiões ou camadas sociais, possam ser ouvidas e tenham seu papel fortalecido na sociedade.

Lançamento - Durante a abertura do evento, foi lançada a 3ª edição do livro "Mulheres na Política: As representantes de Minas no Poder Legislativo”, produzido pela Gerência-Geral de Documentação e Informação da ALMG. A obra reúne depoimentos de mulheres mineiras que participam ou participaram do Legislativo Estadual e Federal e inclui, nesta nova edição, os perfis das parlamentares mineiras eleitas pela primeira vez para atuarem tanto na ALMG quanto no Congresso Nacional. Através dos depoimentos recolhidos, o livro chama a atenção para a baixa representação feminina nas casas legislativas. A publicação foi distribuída aos participantes do debate.