A medalha comemorativa do bicentenário de morte de Aleijadinho é cunhada pela Casa da Moeda do Brasil
Em uma das faces da medalha, há a imagem do profeta Daniel. Na outra, o retrato de Aleijadinho
Também houve a cerimônia de descaracterização dos cunhos originais utilizados para fazer a gravação das peças
Livro lançado no evento é um levantamento detalhado das obras de Aleijadinho

Dia do Barroco reverencia a cultura mineira

Bicentenário de morte de Aleijadinho é homenageado em Reunião Especial de Plenário.

18/11/2014 - 23:10 - Atualizado em 19/11/2014 - 11:05

O Barroco Mineiro e o bicentenário de morte de Aleijadinho foram celebrados nesta terça-feira (18/11/14) em Reunião Especial de Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A data comemorativa foi instituída pela Lei 20.470, de 2012, que determina a realização, anualmente, de atividades culturais com o objetivo de preservar e valorizar o patrimônio histórico relativo à expressão artística e à obra de Antônio Francisco Lisboa.

“A nossa mineiridade nasce do Barroco. Aleijadinho forjou, além de nossa cultura, nosso caráter. Temos que dignificar o seu legado. A Assembleia tem feito sua parte, ao revisitar nosso passado e ao dar a ele o seu devido valor”. Com essas considerações, o presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PP), autor do Projeto de Lei 3.396/12, que deu origem à norma, reverenciou a cultura mineira e os expoentes do Barroco.

A secretária de Estado de Cultura, Eliane Parreiras, cumprimentou a ALMG pela iniciativa de difundir a memória de Aleijadinho. “A preservação do trabalho do arquiteto e escultor e das demais obras do movimento artístico é um passo importante para a consolidação do patrimônio cultural do Estado. O Barroco encontrou em Minas um celeiro de artistas que elevou o estilo a uma atitude estética e filosófica”, afirmou.

Os lançamentos da medalha comemorativa do bicentenário de morte de Aleijadinho, cunhada pela Casa da Moeda, e do livro "Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho: Artista síntese", da historiadora Cristina Ávila e do fotógrafo Márcio Carvalho, marcaram a solenidade.

De acordo com o vice-presidente de Tecnologia da Casa da Moeda, Marcone da Silva Leal, participar da celebração é motivo de orgulho. “A singularidade e o talento unem a instituição ao escultor Aleijadinho. O artista obteve o reconhecimento devido, ao ter sua imagem eternizada em metal nobre. A Casa da Moeda, que também zela pela qualidade estética daquilo que produz, cumpre o seu papel ao contribuir para que essa homenagem seja possível ”, destacou.

Em uma das faces da medalha, há o retrato de Aleijadinho pintado por Euclásio Penna Ventura, obra do acervo do Museu Mineiro. Na outra, encontra-se a imagem do profeta Daniel, eleita por votação pública no Portal da Assembleia. A escultura pertence ao adro do Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas (Região Central do Estado).

Foram disponibilizadas para venda cinco moedas de ouro (R$ 26.514,00), 195 de prata (R$ 330,00) e 300 de bronze (R$ 110,00). Ao longo da reunião, as unidades de prata e bronze puderam ser adquiridas em estande localizado na Galeria de Arte da ALMG. A compra poderá ser efetuada também pelo e-commerce do Clube da Medalha. Nas vendas online, serão praticados os valores de R$ 330,00 para prata e R$ 110,00 para bronze. Em ambos os casos, não está incluído o valor do frete.

Não haverá outra emissão das medalhas. O presidente da ALMG, a secretária de Cultura e o representante da Casa da Moeda procederam à cerimônia de descaracterização dos cunhos originais utilizados para fazer a gravação das peças, o que inviabiliza a produção de novas unidades. O valor histórico e patrimonial dos objetos se deve também a esse procedimento, que os torna raros no mercado de colecionadores. O par de cunhos descaracterizados passa a compor o acervo da ALMG.

Livro apresenta obras de Aleijadinho

O livro "Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho: Artista síntese" apresenta as obras catalogadas de Aleijadinho que se encontram em Minas Gerais. Para a autora Cristina Ávila, as pesquisas, o turismo e as atividades culturais em torno do artista e do Barroco Mineiro serão reavivadas com os eventos comemorativos.

A publicação é um levantamento detalhado das obras de Aleijadinho em espaços públicos, documentadas com a certificação de instituições como o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Além da ALMG, patrocinaram o trabalho as empresas Vale e Correios. De acordo com o diretor do Departamento de Ferrosos da Região Sudeste da Vale, Antônio Padovezi, o livro vai permitir a difusão da história de Minas Gerais. Ele ressaltou a importância de se investir na preservação do patrimônio cultural do Estado.

Já o representante dos Correios, Roney Alves Horta, afirmou que Aleijadinho é uma das maiores expressões artísticas do País. Ele lembrou ainda que, mesmo sofrendo preconceito na condição de mestiço, o artista fez prevalecer seu estilo. Segundo Horta, foram produzidos 1.500 exemplares do livro, com 200 páginas e 120 fotografias. Ele lembrou que os livros serão doados para escolas e bibliotecas públicas. “Nossas instituições de educação terão em mãos uma relevante introdução ao Barroco Mineiro”, destacou.

Foi oferecido coquetel temático, na Galeria de Arte da ALMG, em que a autora Cristina Ávila autografou exemplares do livro. A solenidade contou ainda com a participação do Coral Cidade dos Profetas, que apresentou as músicas Matinas do Natal, Invitatório e Glória, de compositores anônimos, e Magnificat, de Manoel Dias de Oliveira. O grupo de Congonhas foi regido por Herculano Amâncio.

Presenças - Além das autoridades já citadas, compuseram a mesa o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Ângelo Oswaldo; a secretária adjunta de Estado de Cultura, Maria Olívia de Castro e Oliveira; o presidente da Comissão de Cultura da ALMG, deputado Elismar Prado (PT); o presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), desembargador Hebert Carvalho; a defensora pública-geral do Estado, Christiane Neves Procópio Malard; o promotor Marcos Paulo de Souza Miranda; o coautor do livro "Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho: Artista síntese", Márcio Carvalho; e a presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, Ângela Gutierrez.

Aleijadinho foi iniciado no mundo das artes ainda criança

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, nasceu em Vila Rica, atual Ouro Preto, em 26 de junho de 1737. Foi iniciado no mundo das artes ainda criança, seguindo os ensinamentos do pai, Manoel Francisco Lisboa, e dos tios Antônio Francisco Pombal (carpinteiro responsável pela construção da Igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto) e Francisco Antônio Lisboa.

Aos 25 anos de idade, Antônio Francisco Lisboa já havia atingido a maturidade como mestre carpinteiro e passou a assumir obras de marcenaria, escultura e entalhe, liderando a própria oficina, que logo se tornou famosa em Minas Gerais em razão da grande qualidade artística e técnica, passando a ser requisitada para as obras mais importantes das mais exigentes irmandades religiosas.

Entre as suas obras-primas estão os púlpitos, retábulo e portada da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto; púlpitos, coro, altares colaterais e imagens sacras para a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Sabará; púlpitos, retábulo e imagens sacras para a Igreja da Fazenda Jaguara, em Matozinhos; e o conjunto de imagens dos 12 profetas e dos passos da paixão em Congonhas, reconhecido pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade.