Segundo o deputado Durval Ângelo, o objetivo da audiência pública foi comemorar a vitória alcançada em reunião realizada na Câmara Municipal de BH

Donos de barracas no Mineirão querem compensação

Eles reclamam de perdas em função da suspensão de atividades no entorno do estádio, inclusive durante a Copa.

11/06/2014 - 11:45

Os donos de barracas no Mineirão, mesmo depois de obterem o compromisso da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para viabilizar o seu retorno às imediações do estádio, querem um ressarcimento pelos prejuízos causados durante a suspensão de suas atividades. Eles participaram de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada na manhã nesta quarta-feira (11/6/14).

De acordo com o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), a audiência pública, solicitada por ele, foi um momento para se comemorar a vitória alcançada em reunião realizada na última segunda-feira (9) na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Durante esse encontro, representantes dos barraqueiros e da PBH entraram em acordo sobre a retomada do trabalho na região. Ficou combinado que 48 barracas deverão ser alocadas na Avenida Coronel Oscar Paschoal e outras 48 na Avenida das Palmeiras.

Ernani Francisco Pereira, membro da Associação dos Barraqueiros, ressaltou que a luta pelo direito de retomar o trabalho no entorno do Mineirão teve início em 2010. Ele disse que o acordo com a PBH não contempla o período da Copa do Mundo e que a solicitação para que o retorno seja efetuado ainda nesse período é urgente. Para justificar o pedido de compensação pelo período em que não puderam trabalhar e perderam sua principal fonte financeira, ele citou o exemplo dos pescadores, que recebem uma bolsa para não pescarem nos períodos reprodutivos dos peixes.

Ernani Pereira pediu, ainda, que a ALMG cobrasse da prefeitura o cumprimento do acordo firmado. O deputado Durval Ângelo afirmou que a vigilância deve ser constante, e foi aprovado um requerimento de sua autoria para a realização de audiência pública para verificar o cumprimento desse acordo. Já o deputado Rogério Correia (PT) parabenizou os barraqueiros pela conquista recente. 

Segundo pesquisadora, barraqueiros tiveram direitos violados

A pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sílvia Corradi, do projeto Cidade e Alteridade, apresentou durante a reunião alguns dos resultados da sua pesquisa. O trabalho foi realizado a partir de entrevistas com os barraqueiros e torcedores dos times mineiros, além de pesquisas nos arquivos do Ministério Público. Segundo ela, durante o estudo, realizado ao longo de quatro anos, fica clara a violação de direitos das famílias dos trabalhadores removidos do entorno do estádio.

De acordo com a pesquisadora, as violações principais foram ao direito ao trabalho e à informação e à participação nas decisões que culminaram nas remoções. Corradi também afirmou que foi negada a proteção especial devida a grupos vulneráveis, como idosos e pessoas com deficiência. “Essas pessoas têm pleno direito à reparação das perdas sofridas, tanto as materiais como as emocionais, geradas pelo rompimento de laços que existiam em função do trabalho no entorno do Mineirão”, disse.

Greve em Contagem – Também foi aprovado requerimento do deputado Rogério Correia, de audiência pública para debater a greve dos trabalhadores da educação de Contagem e as decorrentes violações de direitos fundamentais dessa categoria.

Consulte o resultado da reunião.