Obrigatoriedade de simuladores de direção é criticada
Representantes dos centros de formação de condutores questionam a forma como a medida foi adotada pelo Denatran.
10/12/2013 - 12:59A implantação de simuladores de direção nos centros de formação de condutores a partir de 1º de janeiro de 2014 foi criticada, nesta terça-feira (10/12/13), em audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Os representantes do setor questionaram a eficácia do equipamento para a formação de novos motoristas e a forma como o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) decidiu a adoção do simulador. O requerimento para o debate foi do presidente da comissão, deputado Zé Maia (PSDB).
O presidente do Sindicato dos Proprietários de Centros de Formação de Condutores de Minas Gerais, Rodrigo Fabiano da Silva, afirmou que o simulador atual foi elaborado a pedido do Denatran junto com a Universidade Federal de Santa Catarina. Segundo ele, foram observados apenas os aspectos tecnológicos e, em nenhum momento, houve um estudo pedagógico do equipamento. Dessa forma, ele afirmou que o simulador é eficaz apenas para aqueles que não têm nenhum conhecimento de direção veicular.
Na opinião de Rodrigo Fabiano, o ganho com o simulador será pequeno, já que situações como aquaplanagem e arranque brusco não são reproduzidas como na realidade. “O Denatran nos empurrou goela abaixo esse equipamento e temos só quatro empresas homologadas. Isso é quase uma reserva de mercado”, afirmou. Ele ainda lembrou que o equipamento custa cerca de R$ 39 mil e as autoescolas não têm como arcar com esse valor para cinco aulas de simulador por aluno.
O valor do equipamento também foi criticado pelos donos de autoescolas de Uberaba, Paulo Alexandre Teixeira, e de Canápolis, Venício Feliciano de Vasconcelos. Eles também não concordam com a forma como a implantação dos simuladores foi feita, sem que as autoescolas tivessem oportunidade de opinar sobre a eficácia do equipamento. “Não somos contra os simuladores, mas sim contra algo que não tem eficácia garantida e sem comprovação científica”, afirmou Paulo Alexandre.
Para Venício Feliciano de Vasconcelos, as aulas com o simulador dão condições de equilíbrio, mas não oferecem uma condução segura no trânsito. Ele lembrou que o custo do aparelho é mais alto do que de um carro e, por isso, pelo menos sua eficácia deveria ser comprovada antes de se determinar a sua adoção.
Detran-MG vai permitir compartilhamento do aparelho
A deputada Luzia Ferreira (PPS) questionou se não existe a possibilidade de compartilhar o equipamento, devido ao seu alto custo. Essa confirmação foi feita pelo chefe da divisão de habilitação e controle do condutor do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), Anderson França Menezes. Segundo ele, o órgão vai permitir esse compartilhamento entre os centros de condutores.
De acordo com Anderson, o Detran terá que cumprir a determinação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), por meio da Resolução 444, que estipula a obrigatoriedade do simulador a partir do dia 1º de janeiro de 2014. Ele defendeu que esse prazo seja estendido e ainda opinou sobre a possibilidade de se fazer a implantação gradativa até atingir todo o Estado. “Acho que o simulador é um avanço, mas não da forma como será implantado”, opinou. “Eu estou preocupado com a implantação e, se o candidato a motorista não fizer as aulas com o simulador, o Denatran não vai expedir carteira”, alertou.
O deputado Zé Maia também defendeu a implantação gradual dos simuladores e a oferta de financiamento para compra do equipamento. “De qualquer forma, o equipamento não deixa de ser um avanço”, disse. Ele afirmou, ainda, que vai encaminhar um relato desaa reunião para o Denatran, pedindo mais prazo para que os centros de formação de condutores adotem a resolução, além de nova audiência pública da comissão, em 12 de fevereiro de 2014, com a presença do Denatran e Contran.
Na opinião do deputado Romel Anízio (PP), a obrigatoriedade do simulador de direção vai pesar no bolso do consumidor e não vai melhorar a qualidade do motorista. Mesma opinião tem a deputada Luzia Ferreira. “Como as autoescolas vão bancar esse valor? Isso vai acabar onerando o motorista porque o custo será repassado”.
O deputado Tony Carlos (PMDB) também protestou contra o valor do equipamento, que é mais caro do que um carro, e disse que a ideia de compartilhamento é boa. “O que não dá é uma autoescola gastar mais do que arrecada”, disse.
Atendimento do Detran está precário, segundo autoescolas
O dono de autoescola Paulo Alexandre Teixeira criticou a atuação do Detran, que, segundo ele, “finge que faz e empurra para as autoescolas todas as responsabilidades”. Ele defendeu o trabalho conjunto entre os centros de formação de condutores e o Detran e cobrou redução de impostos e melhora na estrutura e atendimento do órgão.
A diretora de ensino da autoescola Serra-Contagem, Adriana Cristina Lima, e o dono de autoescola de Ituiutaba, Renato Morais, também lamentaram o atendimento do Detran. Segundo Adriana, falta preparo dos funcionários do órgão.
Em resposta, o chefe da Divisão de Habilitação e Controle do Condutor do Detran, Anderson França Menezes, afirmou que o atendimento está realmente precário porque o órgão não pode mais contratar funcionários terceirizados. Dessa forma, foi obrigado a dispensar 380 funcionários da Minas Gerais Serviços (MGS) e em contrapartida recebeu 150 funcionários que ainda estão sendo treinados. “Esse número não é nem a metade do que deveria vir”, lamentou.