A BR-251 corta o Norte de Minas, ligando o Estado à BR-116 (Rio-Bahia)
Nos dois primeiros meses deste ano já foram 41 desastres, com cinco mortos e 69 feridos
O supervisor do Dnit, Antônio Péricles Ferreira Lobo, falou sobre a imprudência dos motoristas

Norte de Minas luta pela revitalização da BR-251

Com traçado sinuoso, a rodovia registra altos índices de acidentes fatais.

21/03/2013 - 18:00

Tráfego intenso de veículos de carga e passageiros, imprudência dos motoristas, asfalto com inúmeros pontos de deformações, buracos na pista e falta de acostamento em diversos trechos. Esta é a situação atual da BR-251, que corta o Norte de Minas, ligando o Estado à BR-116 (Rio-Bahia). Uma solução urgente para o problema, como a duplicação da estrada, foi cobrada por deputados e mais de dez prefeitos da região reunidos na audiência pública da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quinta-feira (21/3/13), no Clube Social de Francisco Sá. Na oportunidade, foi discutida também a possibilidade de construção do anel rodoviário norte em Montes Claros. 

Com um traçado bastante sinuoso, principalmente entre os municípios de Francisco Sá e Salinas, a rodovia registra altos índices de acidentes fatais, além de atrasos e prejuízos para os usuários. Dados apresentados em um vídeo produzido pela Prefeitura de Francisco Sá mostram que, em 2012, no trecho entre Salinas e Montes Claros, foram registrados 436 acidentes, com 306 feridos e 44 mortos. Nos dois primeiros meses deste ano já foram 41 desastres, com cinco mortos e 69 feridos. Mas no dia anterior à audiência houve outro acidente, que vitimou fatalmente mais duas pessoas. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), circulam por dia entre 7 mil e 9 mil veículos pela BR-251, sendo a maioria de carga.

Segundo o autor do requerimento para a reunião, deputado Carlos Pimenta (PDT), a BR-251 é “uma vergonha para o Norte de Minas, pois dia após dia tira a vida de muita gente”. Ele ressaltou que não faltam apelos dos prefeitos e de outras autoridades locais junto ao Dnit pela duplicação da estrada e, apesar disso, a obra não sai do papel. Por isso, pediu união de todas as lideranças da região. “Vamos segurar essa bandeira com firmeza para que possamos, o mais breve possível, dizer que a nossa luta não foi em vão”, disse.

Quem também defendeu a união de todas as autoridades, entidades e população pela duplicação da estrada foi a deputada Ana Maria Resende (PSDB). Ela lembrou a luta pela recuperação da BR-135, entre Montes Claros e a BR-040, na Região Central do Estado. Segundo Ana Maria, a rodovia foi revitalizada graças à mobilização dos empresários do Norte de Minas, que elaboraram o projeto. “Agora a nossa luta é pela BR-251”, disse a parlamentar, acrescentando que muitas das rodovias federais em Minas Gerais estão obsoletas. “Não basta fazer operações tapa-buraco ou colocar camadas de asfalto por cima, porque logo os buracos retornam e os acidentes voltam a acontecer. Essa rodovia não foi feita para o tráfego que encontramos hoje em dia, com tantas carretas e bitrens”, concluiu a deputada.

O vice-presidente da comissão, deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB), disse que teve a oportunidade de passar pela BR-251 nesta quinta (21) e informou que ela lembra as condições da BR-381, que liga a Capital ao Espírito Santo, também conhecida como “rodovia da morte”. “A BR-251 não tem um acostamento necessário, é cheia de ondulações, trazendo riscos às vidas humanas e depreciação à frota de veículos”, relatou, defendendo a duplicação imediata da rodovia. 

Imprudência é a principal causa dos acidentes

O supervisor da unidade Montes Claros do Dnit, Antônio Péricles Ferreira Lobo, reconheceu as condições precárias da BR-251, mas informou que, do total de acidentes registrados na rodovia em 2012, apenas 4% foram causados por problemas na estrada. Segundo ele, nada menos que 96% dos desastres ocorreram por imprudência dos motoristas. Ele alertou que a restauração da estrada não vai reduzir o número de colisões. Ferreira Lobo citou como exemplo a BR-135, que passou a registrar acidentes mais graves e em maior número depois que a rodovia foi restaurada.

Com relação ao projeto de reforma da BR-251, ele garantiu que 99% do projeto está concluído. Falta a finalização do orçamento, cuja previsão é de R$ 800 milhões. Segundo o supervisor do Dnit, serão revitalizados 330 km, incluindo a duplicação de trechos, construção de trincheira, viadutos e mais de 100 km de terceiras faixas, entre outras providências. Ele sugeriu que a população e seus representantes pressionem o Governo Federal para que a obra seja incluída no cronograma do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

O prefeito de Francisco Sá, Denilson Rodrigues Silveira, também lamentou o atual estado da estrada. “Em 30 anos não conseguimos dizer ainda se a BR-251 trouxe alguma coisa boa para Francisco Sá. A forma como a rodovia é tratada é uma total falta de respeito com o cidadão”, disse ele. O prefeito citou que, para se percorrer os 40 km que ligam Francisco Sá a Montes Claros, gastam-se cerca de duas horas. Ou seja, trafega-se ali a uma velocidade média de 20 km/hora. Ele saudou a importância da audiência promovida pela Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas: “Que possamos fazer desse momento o início de uma grande luta pela dignidade e pelo respeito ao ser humano”, concluiu.

Anel rodoviário ainda demora, diz DER-MG

O deputado Carlos Pimenta classificou a construção do anel rodoviário norte de Montes Claros como uma obra “imprescindível para o desenvolvimento da cidade e da região”. 

Para o prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz, está acontecendo um jogo de empurra, pois o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) e o Dnit culpam um ao outro pelo atraso nos estudos.

A situação atual desse projeto foi apresentada pelo diretor de Infraestrutura do DER-MG, Marcos Antônio Frade. Ele afirmou que o órgão estadual foi comunicado pelo Dnit que não há orçamento para a obra em 2013. A licença ambiental foi obtida em 2011, com validade de quatro anos. Frade acrescentou que o licenciamento depende do cumprimento de 22 condicionantes ambientais, sendo que 15 deverão ser atendidas durante a execução das obras. Segundo ele, das sete restantes, seis já foram cumpridas, faltando apenas a identificação de cavernas na área a ser manejada e classificação de seus graus de relevância. “Estamos trabalhando”, garantiu.