Mobilização que lembrou a chacina de Felisburgo, ocorrida há oito anos, marcou o Dia Internacional dos Direitos Humanos

Deputados participam de marcha sobre chacina de Felisburgo

Durval Ângelo e Rogério Correia cobram agilidade do Judiciário na desapropriação de terras.

10/12/2012 - 19:00

No Dia Internacional dos Direitos Humanos, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais apoiou o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em mobilização cobrando eficiência do Judiciário nas decisões relativas à questão agrária. O presidente da comissão deputado Durval Ângelo (PT) e o deputado Rogério Correia (PT) participaram de ato público nesta segunda-feira (10/12/12), que começou na sede do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-MG) e seguiu em marcha até a Justiça Federal. O requerimento para participação no ato público foi do deputado Durval Ângelo.

O objetivo da manifestação foi alertar a sociedade sobre o julgamento do suposto mandante da chacina conhecida como “Massacre de Felisburgo".  O massacre aconteceu em 20 de novembro de 2004, no Acampamento Terra Prometida, localizado na Fazenda Nova Alegria, zona rural de Felisburgo (Vale do Jequitinhonha). Foram assassinados cinco trabalhadores rurais sem-terra e mais de 20 ficaram feridos. O fazendeiro Adriano Chafik, réu confesso, teria comandado pessoalmente cerca de 15 jagunços no ataque ao acampamento. Ele será julgado no próximo dia 17 de janeiro, em um dos Tribunais do Júri de Belo Horizonte.

Acompanhados pelos parlamentares, os militantes seguiram até a Justiça Federal para cobrarem a análise de ações provenientes de decreto da presidenta Dilma Rousseff, determinando a desapropriação de terras para reforma agrária. Os deputados estaduais visavam mobilizar o Judiciário para punirem os culpados de atos de violência cometidos em acampamentos do MST, além de exigirem a desapropriação para as famílias assentadas. No último dia 20 de novembro, quando a chacina completou oito anos sem um desfecho na Justiça, a Comissão de Direitos Humanos realizou audiência pública para lembrar a data e cobrar providências. Para o parlamentar Durval Ângelo, “a justiça tem servido para o latifundiário, para o agronegócio, tem sido a justiça da injustiça. Os trabalhadores rurais estão cansados e precisam do Poder Judiciário para acabarem definitivamente com tantos massacres”.

“A ação foi de jagunço, já se sabe o culpado, réu confesso, e até hoje ele não foi julgado”, disse o deputado Rogério Correia. O parlamentar também destacou o papel desempenhado pela Comissão de Direitos Humanos na luta pela justiça desde o acontecimento do massacre, tendo ele visitado o acampamento, ao lado de outras autoridades, um dia após a chacina.

A busca por justiça no massacre de Felisburgo é uma questão de honra para que o movimento consiga recuperar a dignidade das famílias vítimas e também dos próprios militantes, ressaltou o membro da direção nacional do MST, João Pedro Stedile. “Desde 1.500, cada vez que a luta pela terra avança no Brasil, as classes dominantes utilizam a forma mais truculenta para quebrar esse avanço da luta popular”, disse.

O deputado federal Padre João (PT) e o membro da executiva nacional do PDT José Maria Rabelo também reforçaram a importância da midiatização do julgamento do fazendeiro para informar a sociedade.

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