Show com Wilson Sideral encerrou o ato público contra o crack, nesta sexta-feira (29)
Cerca de cinco mil estudantes participaram do evento

ALMG e Sideral convidam estudantes a dizerem não às drogas

Show do músico mineiro encerrou Ato contra o Crack; jovens demonstram conhecimento sobre danos provocados pelo vício.

29/06/2012 - 13:24

Ao som de Wilson Sideral, os cerca de 5 mil estudantes presentes no Ato contra o Crack, promovido na manhã desta sexta-feira (29/6/12) pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, disseram "não" às drogas e saudaram a vida. Os alunos ouviram músicas conhecidas do cantor como “Fácil”, canções de Cazuza e Legião Urbana, além do Hino Nacional.

Durante o evento, os alunos Degleissomi Campos, Iago Borges, Jardel Silva e Gabriel Fidelis, da Escola Estadual Professor Agnelo Correia Viana, foram unânimes em declarar que a droga é uma “viagem errada”. Mas para Gabriel, muitos adolescentes acreditam que, ao consumi-las, eles estão apenas se divertindo, que não haverá problemas. A realidade observada por Jardel, no entanto, é bem diferente. Ele citou o exemplo de um adolescente que, ao se tornar usuário de crack, “ficou agressivo, largou a escola, se tornou outra pessoa, bem mais infeliz”.

Este foi também o recado de Sideral, que convocou a plateia a “viajar no som”, em contraponto à viagem errada mencionada pelos estudantes. O convite vai ao encontro da fala do subsecretário de Políticas sobre as Drogas da Secretaria de Estado de Defesa Social, Cleves Benevides, que lembrou a todos que não é fácil ser nós mesmos, mas que, como sugere a música, a felicidade pode ser alcançada, às vezes em uma canção, ou no encontro com o outro. A mensagem corrente do ato foi essa: a sensação de felicidade é possível e espontânea, não está em experiências efêmeras ou artificiais como as drogas.

A caminho do futuro

Para o ex-usuário de inalantes e cocaína, Werley, “ninguém começa a usar droga fumando crack”. Segundo ele a dependência é um processo lento, sofrido, mas que lhe pareceu, no momento, uma grande aventura. Ele conta que, aos 11 anos, cheirou tíner pela primeira vez com amigos já acostumados a vaguear pelas ruas. Hoje diz saber que, inclusive as drogas lícitas como bebidas alcoólicas e tabaco, podem ser o passo inicial rumo ao crack.

De acordo com Werley, sua vida se resumia ao consumo de entorpecentes. Ele passava mais tempo na rua do que em casa, o que trazia sofrimento para toda a sua família. Chegou a roubar e a vender drogas para sustentar o vício. O jovem esclareceu que, ao longo dos sete anos de dependência química, houve momentos menos conturbados e outros mais difíceis, contudo, o período de maior desespero era o de abstinência.

“É um processo no qual você sente desconforto, tem que segurar a onda ao máximo. Você tende a manipular, diz que quer ver o amigo, mas, na verdade, você quer ir em busca da droga. Vencer essa obsessão é o maior desafio”, contou. Para o menino que conheceu de perto esse drama, tal compulsão é alimentada pela sensação de adrenalina, pela crença ilusória de que você se torna imbatível ao usar a droga. Segundo ele, neste momento, ele não tinha medo de nada e sequer se lembrava do que era realmente imprescindível em sua vida.

O jovem, agora com 20 anos, afirmou estar na direção contrária, literalmente em marcha contra o crack e a caminho da faculdade. Ele explicou que, há dois anos, não consome drogas e que seu maior desejo é concluir o ensino superior. “Eu me arrependo de minhas escolhas passadas, mas já voltei a estudar, estou me preparando para um futuro melhor”, ressaltou.