O risco de morte que o crack provoca foi um dos alertas da Marcha, que teve a participação de políticos, religiosos e representantes de entidades da sociedade civil

Marcha contra o crack reúne milhares de pessoas

Evento começou com caminhada de milhares de pessoas e terminou com demonstração de fé cristã, na praça da Assembleia.

23/06/2012 - 12:32

A Marcha contra o Crack e outras Drogas, evento de iniciativa da Assembleia Legislativa de Minas, realizada neste sábado (23/6/12), atraiu, segundo estimativa da Polícia Militar, cerca de 15 mil pessoas. Estudantes, deputados estaduais, federais, prefeitos da Região Metropolitana, vereadores de Belo Horizonte, líderes religiosos católicos e evangélicos, e entidades da sociedade civil participaram do evento, que começou ao lado do Colégio Estadual Central, no bairro de Lourdes, em Belo Horizonte, e teve prosseguimento na Praça da Assembleia, no Santo Agostinho, com exibições artísticas e momentos de oração.

Na início da marcha, o presidente da Assembleia, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), saudou os presentes dizendo: "Vamos ajudar as pessoas que entraram pelo caminho errado a encontrar de novo o caminho da vida, da dignidade, da alegria". Ele enfatizou a necessidade de união de esforços em torno do combate às drogas. "O poder público não consegue fazer nada sozinho, precisamos de toda a sociedade", afirmou.

Na praça, houve manifestações de várias  autoridades, como o subsecretário de Estado de Políticas sobre Drogas, Cloves Benevides. Ele afirmou que o governo do Estado assumiu um compromisso de investir mais no combate às drogas. "Não podemos sucumbir às drogas. A sociedade civil vai reassumir o controle de suas vidas". Jovens do Programa Educacional de Resistência às drogas e à Violência (Proerd), conduzido pela Polícia Militar de Minas Gerais, animaram a Marcha tocando instrumentos de percussão.

Entre os deputados estaduais presentes, estavam o presidente da Comissão Especial para enfrentamento do crack, Paulo Lamac (PT); o vice-presidente, Vanderlei Miranda (PMDB); e o relator da comissão, Célio Moreira (PSDB). Os jornalistas Carlos Viana, Mônica Miranda e Eduardo Costa fizeram a apresentação do evento. O deputado João Leite (PSDB) conduziu um dos momentos de oração ecumênica.

Támbém participaram da Marcha diversas comunidades terapêuticas que lidam com a recuperação de usuários de drogas em todo o Estado e dezenas de organizações não governamentais, como as Mães de Minas, que carregavam faixas com os dizeres "O crack matou meu filho, não deixe ele matar o seu também". 

Shows artísticos e de fé animam os presentes

"Sempre existe uma saída pra mudar a sua vida". Essa foi uma das frases cantadas em coro pelo público que assistiu a apresentação da Banda Dominus, banda católica de Belo Horizonte, com 23 anos de formação. Outros refrãos como, "Vem me abraçar, vem me curar, meu Deus, contigo não estou sozinho", deram o tom dos shows, que enfatizaram o valor da fé e dos valores cristãos no combate às drogas. "Acredite: você não precisa de droga pra ser feliz", disse o vocalista da Banda, Léo Rabello,  aos jovens presentes.

O público também acompanhou apresentações de Rap, cujas letras enfatizavam a luta contra a dependência química.  "O vício é um beco sem saída", disse o rapper Fábio. "A gente é que escolhe o caminho que vai trilhar", dizia uma das canções do Grupo de Rap Ergon, de Nova Contagem.

O cantor André Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha, conduziu orações e incentivou as pessoas a clamarem a Deus pela restauração dos viciados em crack e outras drogas.  "A muralha do crack é imensa, mas com a nossa fé, vamos derrubá-la", disse ele.

Antônio Carlos Rocha, pai dos "Rocha Brothers", grupo de três crianças que cantam versículos bíblicos, enfatizou: "A luta contra as drogas começa cedo, dentro de casa, com o ensino dos nossos filhos. Gaste tempo com a sua família, ensine o caminho certo desde cedo". Os Rocha Brothers Pedro, Estevão e Thiago, de 11, 9 e 7 anos respectivamente, foram uma das atrações do show.

O deputado federal Eros Biondini (PTB-MG), que também é cantor e se apresentou no encerramento do evento, contou que teve um envolvimento com as drogas quando tinha 17 anos, mas foi recuperado a tempo, com ajuda de comunidades terapêuticas cristãs. "Graças a Deus, na época ainda não havia o crack, então, foi mais fácil eu me livrar", disse Eros. Hoje ele é um dos líderes da Renovação Carismática Católica em Minas Gerais.

O presidente da Federação das Comunidades Terapêuticas do Brasil, pastor Welington Vieira, cobrou do poder público a abertura de vagas no sistema público de saúde para atender aos dependentes químicos em tratamento. Ele anunciou que, na terça-feira (26/6), as comunidades estarão participando de uma marcha contra o crack em Lagoa Santa. Segundo ele, o objetivo é estimular a realização da marcha em todos os municípios mineiros. "Este ano tivemos 15 mil pessoas, ano que vem queremos no mínimo 30 mil participantes aqui em Belo Horizonte", afirmou.

Parceria – A Marcha contra o Crack e outras Drogas foi realizada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais com a parceria do Governo do Estado, da Prefeitura de Belo Horizonte e de mais de 30 entidades ligadas ao combate às drogas.