O deputado Neilando Pimenta (PHS), o defensor público Felipe Augusto Cardoso Soledade, a prefeita Maria José Haueisen, o deputado André Quintão (PT), o secretário de Estado Gil Pereira, e o vereador Dr. Ilter Volmer Martins.

Faltam políticas de inclusão social no Vale do Mucuri

Participantes de seminário destacam ações para a região e afirmam que serviços básicos precisam melhorar

10/10/2011 - 11:58

A falta de infraestrutura e de água e a baixa densidade populacional são alguns dos elementos que contribuem para a pobreza e a desigualdade no Vale do Mucuri. Foi o que afirmou o secretário de Estado de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas, Gil Pereira, no Seminário Legislativo Pobreza e Desigualdade, realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, na manhã desta segunda-feira (10/10/11), em Teófilo Otoni (Vale do Mucuri).

O encontro é o último das etapas regionais do seminário, que passou por 11 municípios e terá a fase final em Belo Horizonte, entre 24 e 26 de outubro. Cerca de 250 pessoas, representando 23 municípios da região, participam do evento, que ocorre no auditório do Sesc/MG.

Conforme dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 909 mil mineiros vivem em situação de miséria e 51% estão nos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri e no Norte de Minas. Além disso, os Vale são a 3ª região com menor população no Estado.

Gil Pereira citou que a renda da população da área de atuação de sua secretaria é baixa e pode chegar a meio salário mínimo por mês, ou seja, R$ 280. Segundo ele, o Governo vem desenvolvendo ações para mudar a situação e investe em caminhões-pipa, na distribuição de leite, na agricultura familiar e na alfabetização das comunidades. Segundo o Censo de 2010, a taxa de analfabetismo nos vales e no Norte de Minas caiu de 24,5% para 17,82%.

Faltam serviços básicos - O ex-secretário nacional de Segurança Alimentar do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e atual assessor da presidência da ALMG, Crispim Moreira, informou que, aproximadamente 17% da população dos Vales vive em extrema pobreza. No Centro-Oeste mineiro, o índice é de 2%. Crispim também mencionou que os municípios mais pobres do Mucuri são Ladainha e Setubinha, com renda per capita média de R$ 300, enquanto Nanuque e Teófilo Otoni são as que apresentam maior índice, de cerca de R$ 700.

Segundo Crispim, é necessário melhorar os níveis de tratamento de resíduos sólidos e de esgoto e de fornecimento de água. Além disso, ele salientou que o número de defensores públicos precisa aumentar: a região tem apenas sete, enquanto o necessário seriam 39.

Representantes defendem ações permanentes para o combate à pobreza
Durante a abertura do seminário, o deputado André Quintão (PT), que coordenou os trabalhos da manhã, citou que cerca de 170 mil habitantes dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri estão em situação de extrema pobreza, ou seja, vivem com renda per capita mensal de até R$ 70. Ele destacou que o seminário é uma forma de a população participar da elaboração de propostas que podem se tornar políticas públicas, já que a intenção é que as sugestões sejam incluídas no Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) 2012-2015, no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) 2012-2030 e no orçamento do Estado.

A prefeita de Teófilo Otoni, Maria José Haueisen, ponderou que, para entender o que é pobreza, é importante percorrer os municípios mineiros para conhecer a realidade da população. Ela afirmou que, por ter densidade demográfica baixa, o Vale do Mucuri não era contemplado pelas políticas públicas desenvolvidas no Estado, mas que atualmente a mobilização dos cidadãos tem modificado esse cenário.

O vereador do município, Ilter Volmer Martins, ressaltou que é necessário mudar os padrões educacionais do País e do Estado e combater a corrupção para minimizar a pobreza.

Para o deputado Neilando Pimenta (PHS), ações paliativas não são suficientes para combater as desigualdades. “Temos que pensar em infraestrutura, pois a região tem apenas um aeroporto e, assim, ficamos desconectados do mundo”, exemplificou. Ele também defendeu uma política diferenciada de impostos para os cidadãos e o incentivo para a instalação e permanência de empresas no Vale do Mucuri.

Dois grupos de trabalho estão reunidos e prosseguem com a discussão e votação de propostas regionais e estaduais durante a tarde desta segunda (10). Além da formatação de um documento com as sugestões e demandas do Vale do Mucuri, serão eleitos 20 representantes para a etapa final do seminário, em Belo Horizonte.

Panorama da região - Com 5,1% da população do Estado e responsável por 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), o Vale do Mucuri, em conjunto com Jequitinhonha, apresenta o PIB per capita mais baixo dentre as dez regiões de Minas: R$ 5,2 mil. Os dados são do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Comparativamente às demais regiões do Estado, a taxa de urbanização é baixa (63,2%). Dentre os principais municípios estão Teófilo Otoni, Nanuque, Medina e Pedra Azul. A distribuição setorial do PIB do Mucuri/ Jequitinhonha revela predominância dos serviços (69%) em relação à agropecuária (16,5%) e à indústria (14,5%). A região também é responsável por 1,5% dos empregos formais e 0,3% das exportações totais da economia estadual.