Desigualdades sociais também atingem o Triângulo Mineiro

Região enfrenta problemas sociais comuns às áreas mais pobres, como violência e diferenças de renda.

29/09/2011 - 13:42

Uma das regiões mais prósperas do Estado, o Triângulo Mineiro enfrenta problemas sociais comuns às áreas mais pobres, como a violência e as diferenças de renda. O alerta foi feito pelo presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), na abertura do encontro regional do Seminário Legislativo Pobreza e Desigualdade, realizado em Uberlândia nesta quinta-feira (29/9/11). A programação continua nesta tarde, com discussões e apresentação de propostas pelos grupos de trabalho.

O presidente lembrou que 16 milhões de pessoas estão excluídas do atual momento de prosperidade econômica vivida pelo País. Para enfrentar esse problema, que também atinge o Triângulo Mineiro, Dinis Pinheiro defendeu um mutirão, com a participação de toda a sociedade. "A região se encontra em posição destacada em Minas Gerais, mas tem desafios como a criminalidade e a discrepância entre os municípios. Essa desigualdade tem que ser enfrentada", afirmou.

O deputado André Quintão (PT) chamou a atenção para os problemas que podem ser encobertos pelos bons indicadores sociais da região. "É verdade que o Triângulo tem renda per capita de R$ 21 mil reais por ano. Mas também é verdade que em uma cidade próspera como Uberlândia também há pobreza extrema, exploração sexual e tráfico de drogas. Quanto mais rica uma região, maior a obrigação de compartilhar essa riqueza com todos", defendeu.

Deputados defendem ações integradas do poder público e execução orçamentária

Para o deputado Rogério Correia (PT), um dos bolsões de miséria da região é a zona rural, e, em sua opinião, é preciso ampliar as linhas de crédito para os pequenos agricultores. Ele também cobrou articulação entre as várias esferas governamentais para diminuir as desigualdades. "De nada adianta o Governo Federal anunciar um programa de combate à miséria se não fizermos nossa parte nos âmbitos estadual e municipal", destacou.

O deputado Elismar Prado (PT) criticou a baixa execução orçamentária de programas sociais do Governo do Estado. Segundo ele, existem programas com recursos insignificantes, mas com grandes verbas de publicidade. "O governo chega a gastar mais com a divulgação do que com a própria execução do programa", comentou.

Na avaliação do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), a educação é o fator determinante para a superação da pobreza, e, por isso, é preciso investir mais na escola pública. A deputada Liza Prado (PSB), por sua vez, cobrou políticas voltadas para as mulheres, que, segundo ela, são as mais atingidas pela pobreza. Já o deputado Tiago Ulisses (PV) defendeu compensação mais justa para os municípios do Triângulo que tiveram áreas alagadas por reservatórios de usinas hidrelétricas.

Região tem renda per capita alta

O Triângulo Mineiro é uma das regiões mais desenvolvidas do Estado. A renda per capita de seus 1,5 milhão de habitantes é de R$ 21 mil reais por ano. Mas a região também apresenta muitas disparidades. Enquanto em Uberlândia a renda média mensal é de R$ 1,2 mil, em Centralina é de R$ 500, segundo o ex-secretário nacional de Segurança Alimentar, Crispim Moreira.

De acordo com dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem 100 mil pessoas no Triângulo vivendo abaixo da linha da pobreza (totalmente sem rendimentos ou com renda per capita inferior a R$ 140 mensais). Isso significa que 7% da população regional é pobre. Trata-se do menor percentual entre as regiões de planejamento do Estado. No Jequitinhonha/Mucuri, a área mais carente de Minas, esse índice é de 37%, como lembrou Crispim Moreira.

Políticas públicas - O Seminário Legislativo Pobreza e Desigualdade é promovido pela ALMG em parceria com 80 entidades. Ao todo, serão realizados 12 encontros regionais antes da etapa final do evento, em Belo Horizonte, entre os dias 24 e 26 de outubro. O objetivo é discutir com a sociedade estratégias para a superação da pobreza e das desigualdades regionais. As propostas apresentadas poderão subsidiar a elaboração de políticas públicas, a serem inseridas no Orçamento do Estado e no Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG).