Aumentar a segurança nas escolas requer esforço
conjunto
Varginha, no Sul do Estado, sedia, nesta
quinta-feira (18/8/11), o 3o Encontro Regional do Fórum
Técnico "Segurança nas Escolas - Por uma Cultura de Paz", promovido
pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O evento, que terá seis
etapas no interior, já foi realizado em Juiz de Fora (Mata) e
Janaúba (Norte). Em Varginha, autoridades, especialistas e
educadores lotaram o Teatro Municipal Capitólio, na primeira parte
dos trabalhos durante a manhã. O evento prossegue até o fim da
tarde.
O prefeito de Varginha, Eduardo Antônio de
Carvalho, disse que o combate à violência nas escolas é uma
prioridade no município. Para isso, destacou que há uma orientação
para que os educadores da cidade trabalhem os conceitos de cidadania
e paz dentro das escolas municipais.
O presidente Câmara Municipal, vereador Verdi Lúcio
Melo, reforçou as palavras do prefeito, ao lembrar que o tema
preocupa as famílias da região. Segundo ele, há um esforço do
Parlamento municipal para que sejam aprovadas leis que tratem da
proteção e do combate à violência nos estabelecimentos de ensino da
cidade, tal como a norma que trata do antibullying.
O tenente coronel Milton de Oliveira Costa, que
representou o secretário de Estado de Defesa Social, Lafayette de
Andrada, disse que a Polícia Militar já faz um trabalho preventivo e
participativo nas escolas. Ele disse, no entanto, que o problema é
complexo e demanda uma atitude global da corporação. "A violência
não é só física, mas também psicológica. Temos que estar atentos a
todos estes tipos de agressão", afirmou.
Diálogo e orientação - O
deputado Ulysses Gomes (PT) salientou que há uma expectativa de que
o fórum traga indicativos de como o Legislativo Estadual poderá
contribuir para a segurança nas escolas e garantir uma cultura de
paz. As principais soluções, para ele, passam pelo o diálogo entre
alunos, professores, educadores e sociedade, pela valorização dos
profissionais e pela qualificação dos estudantes.
A representante dos alunos, Tatiana Érika Soares,
disse que a violência se dá pela falta de orientação dos pais. Para
ela, é preciso que a educação comece dentro de casa. A representante
dos pais, Elisângela Rosário dos Santos, concordou com a estudante e
disse que os pais têm um papel fundamental no processo de paz dentro
das escolas.
Fórum vai colher sugestões para etapa final
O presidente da Comissão de Segurança Pública da
ALMG, deputado João Leite (PSDB), afirmou, em nome do presidente do
Parlamento mineiro, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), que o objetivo
do fórum é identificar os problemas relacionados à segurança nas
escolas, assim como colher propostas para solucioná-los. Segundo
ele, os encontros vão contribuir para compor um diagnóstico da
violência no ambiente escolar, e, com isso, encontrar caminhos
adequados para combatê-la e reduzi-la. "Os resultados dos encontros
irão fornecer subsídios para a etapa final, que acontece em Belo
Horizonte, em outubro", disse.
O deputado lembrou, ainda, que pesquisas e relatos
mostram que a violência nas escolas ocorre de diversas maneiras,
seja verbais, psicológicas ou físicas. As causas, quase sempre, são
a intolerância, o preconceito e abuso de poder, e atinge alunos,
professores e demais profissionais da educação. "A violência nas
escolas reflete os valores da sociedade. E as instituições de ensino
podem contribuir para reverter esta situação, uma vez que sua função
não é apenas a de transmitir conhecimentos, mas promover a formação
para a cidadania", salientou.
Destrutividade humana é causa de violência
social
A mestre em Educação e doutora em Filosofia e
Ciência da Educação, Júlia Eugênia Gonçalves acredita que a
violência faz parte da natureza animal, seja na luta pela
sobrevivência ou na disputa pelo poder, e indica que o ser humano é
destrutivo. "Os graus de destrutividade do homem são psíquicos e
sociais e aumentaram na proporção do desenvolvimento da civilização.
A sociedade capitalista foi estruturada na exploração do homem pelo
homem, por isso contribuiu para que sejamos mais destrutivos que no
passado", alertou.
Ela destacou que o desenvolvimento evoluiu o
comportamento humano para uma destrutividade que antes era refletida
nas arenas, e, agora, ocupa os espaços sociais, tais como o mercado
de trabalho, as escolas e o ambiente familiar. "Passamos a entender
que a agressividade é positiva, mas a destrutividade é o grande
risco da nossa extinção", disse.
Violência nas escolas -
Júlia Eugênia acredita que é preciso compreender que a
destrutividade é real, sempre negativa e se apresenta como todas as
formas de corrupção. A violência nas escolas, de acordo com ela,
passa pelos preconceitos de gênero, classe social, religioso ou
cultural, e pelo bullying, que é um fenômeno que afeta crianças,
jovens e adultos, que atuam como agentes da agressão.
Ainda em sua participação, ela destacou que as
soluções passam pelo uso das palavras no trato com os alunos; por
ações na escola que estimulem a agressividade sadia, tais como
educação ambiental, empreendedorismo e liderança democrática; pela
promoção de uma cultura do bom humor e alegria; pelo desenvolvimento
de projetos que trabalhem princípios éticos, como direitos humanos e
diversidades; e pela discussão das relações entre o mundo real e o
mundo virtual.
Sul de Minas conta com ações de prevenção
A tenente PM Bianca Grossi Silveira foi a
expositora do painel "Experiências na prevenção e no combate à
violência escolar". De acordo com ela, a Polícia Militar faz um
trabalho de patrulha escolar, que passa pela prevenção e repressão
da violência, de acordo com o diagnóstico traçado em conjunto com os
educadores. Por meio de entrevistas com as diretores das escolas,
são definidas as melhores práticas e ações a serem feitas pela
corporação. Em sua fala, ela apresentou os números da PM em todo o
Estado, relativos ao trabalho de patrulha escolar, e destacou a
importância de que os estabelecimentos informem e denunciem à
polícia as suspeitas e ocorrências de violência no ambiente
estudantil.
O Programa Educacional de Resistência ao Uso de
Drogas nas escolas é a principal ação da PM no trabalho de combate à
violência nas escolas, segundo a tenente. Ela explicou que os
policiais são treinados para trabalhar com os jovens e, com isso, se
tornam educadores. programa, na região, tem como foco as crianças e
as famílias, consideradas fundamentais na conscientização e educação
dos jovens. "Os fatores de uso de drogas são a falta de integração
familiar, o fácil acesso ao entorpecente, a insatisfação com a
qualidade de vida e a falta de informações qualificadas. São estes
pontos trabalhados no Proerd", disse.
Outros projetos - Ainda em
sua participação, a tenente destacou que existem outros projetos da
PM na região, tais como o "Semeando o Futuro", de prevenção e
combate a violência; o "Esporte, Serviço e Cidadania", que valoriza
a prática de esportes entre os jovens; e o "Jovens Construindo a
Cidadania", que oferece nas escolas cursos para promoção da
cidadania.
Presenças - Deputados João
Leite (PSDB); Ulysses Gomes (PT); a representante da Secretaria de
Estado de Educação, Vânia Maria Benfica; o delegado Regional, Vagner
Martins Guimarães; e o diretor do Sind-UTE, professor Abdon Geraldo
Guimarães.
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