Professora diz que reforma política ignora intervalo entre eleições

A professora da PUC Minas e doutora em Ciência Política Fátima Anastasia criticou, nesta segunda-feira (23/5/11), no ...

23/05/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Professora diz que reforma política ignora intervalo entre eleições

A professora da PUC Minas e doutora em Ciência Política Fátima Anastasia criticou, nesta segunda-feira (23/5/11), no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a maneira como o Congresso Nacional conduz as discussões sobre a reforma política. Na avaliação dela, as propostas da Câmara dos Deputados e do Senado concentram-se nas mudanças nos sistemas eleitoral e partidário, em detrimento de questões relativas ao exercício da representação democrática, sobretudo no intervalo entre as eleições.

Fátima Anastasia foi uma das expositoras do Debate Público "Minas na Reforma Política". O evento foi promovido pela Comissão Extraordinária de Acompanhamento da Reforma Política da ALMG, com a participação de parlamentares da Comissão Especial de Reforma Política da Câmara dos Deputados.

"Existe um vazio na agenda da reforma, relativo ao exercício da representação nos interstícios eleitorais", declarou a professora. Um dos temas esquecidos pela Câmara e Senado, segundo a professora, é a possibilidade do voto secreto nas reuniões do Poder Legislativo. Para Fátima Anastasia, ele só se justifica nas votações de vetos do Poder Executivo. "Há várias propostas que poderiam ser implementadas a baixo custo decisório, porque não necessitam de maiorias qualificadas", disse.

A professora manifestou preocupação com algumas sugestões de mudanças que implicariam o abandono do atual sistema de representação proporcional, considerado por ela o mais democrático, por permitir a expressão das minorias.

Os representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) defenderam a necessidade de reforma política. Para o vice-presidente da Fiemg, Sérgio Cavalieri, o sistema político atual está esgotado em sua capacidade de avançar na direção de um modelo mais democrático. Segundo ele, a reforma poderá favorecer relações mais transparentes entre o setor privado e o mundo político, no que diz respeito ao financiamento de campanhas eleitorais. O presidente da CUT em Minas, Marco Antônio de Jesus, disse que as mudanças deveriam caminhar no sentido de ampliar a democracia participativa no País.

Cláusula de barreira - Na fase de debates, representantes de partidos de esquerda, como o PSTU e o Psol, criticaram a possibilidade de adoção da cláusula de barreira, que limitaria o funcionamento de legendas sem representação na Câmara dos Deputados. Na opinião deles, a proposta vai contra o princípio de liberdade de organização partidária.

Ainda durante os debates, o deputado federal Alceu Moreira (PMDB-RS) criticou, assim como a professora Fátima Anastasia, o fato de a reforma praticamente não contemplar aspectos do exercício da representação. Moreira atacou especialmente o mecanismo das emendas parlamentares, classificado por ele como "corrupção institucionalizada", por atrelar a atuação do deputado ao favorecimento de suas bases eleitorais. "Queremos deputados independentes com mandato político, e não com ponto comercial", afirmou o parlamentar, sobre as emendas.

O deputado federal Edinho Araújo (PMDB-SP) chamou atenção para o desafio de unificação das datas das eleições. Segundo os cálculos do parlamentar, se não forem prorrogados os mandatos e se for aprovado o mandato único de cinco anos para todos os cargos eletivos, a primeira eleição geral só será realizada em 2025.

Comissões - Tema frequente da pauta do Parlamento brasileiro desde a década de 1990, a reforma política é abordada de formas distintas na Câmara dos Deputados e no Senado. Cada casa do Congresso Nacional tem sua própria comissão sobre o assunto, com prazos e finalidades diferentes.

A Comissão Especial de Reforma Política da Câmara, ainda em funcionamento, tem como objetivo discutir mais de 100 projetos de mudanças nos sistemas eleitoral e partidário do País. A comissão do Senado foi criada para elaborar um anteprojeto de reforma política. Ela encerrou as atividades em 10 de maio e aprovou, entre outras propostas, a votação em lista fechada, o financiamento público de campanha, o fim da reeleição para o Poder Executivo e o fim das coligações partidárias. Essas medidas ainda precisam passar pelo Plenário.

Na ALMG, a Comissão Extraordinária tem como principais objetivos envolver a sociedade no debate sobre o projeto de reforma política e reunir um conjunto de contribuições da Assembleia. Para isso, os deputados estão ouvindo diversos segmentos sociais.

 

 

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