Plano Decenal da Educação está pronto para 2º turno em Plenário

A Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática aprovou, nesta quarta-feira (30/6/10), parecer de 2º turno ...

30/06/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Plano Decenal da Educação está pronto para 2º turno em Plenário

A Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática aprovou, nesta quarta-feira (30/6/10), parecer de 2º turno favorável ao Projeto de Lei (PL) 2.215/08, do governador, que estabelece o Plano Estadual de Educação, com um planejamento de dez anos para o setor. O plano apresenta metas, diretrizes e ações estratégicas para a educação no Estado. Em 2009, ele foi discutido em um fórum técnico promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais e por entidades e órgãos parceiros, inclusive com uma inédita consulta pública pela internet.

O parecer aprovado nesta quarta (30) foi elaborado pela presidente da comissão, deputado Ruy Muniz (DEM), e recomenda a aprovação do projeto com 32 emendas, que ele apresentou. As emendas do relator foram criticadas pelo deputado Carlin Moura (PCdoB), que chegou após a votação do texto. Para ele, as emendas descaracterizaram dispositivos sugeridos e elaborados no fórum técnico da ALMG, com a participação da sociedade civil. Muniz e Carlin também divergiram a respeito da aprovação, pelo Plenário, do PL 4.689/10, do governador, que fixou o subsídio das carreiras do grupo da educação básica e do pessoal civil da Polícia Militar.

De acordo com Carlin Moura, as emendas aprovadas pela Comissão de Educação alteram ou suprimem metas fixadas pelo fórum técnico, retiram exigências referentes à contratação de profissionais habilitados e aos critérios de fixação e atualização do vencimento inicial dos professores da educação básica, tendo em vista a Lei Federal 11.494, de 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

O deputado Ruy Muniz negou que as emendas tenham suprimido metas. Segundo ele, esses objetivos apenas foram adequados e tornados exequíveis. Ele ressaltou que o Governo do Estado já respeita hoje e continuará observando o piso nacional do magistério, definido pela Lei Federal 11.738, de 2008. Sobre esse assunto, elogiou também a aprovação, pelo Plenário, do PL 4.689/10, do governador, que fixou o subsídio da educação básica. Explicou que o menor salário pago hoje ao professor do Estado é de R$ 935, aí incluídos o vencimento básico de R$ 369,89 e os adicionais. "Com a implantação do subsídio, o menor salário para quem cumprir 24 horas semanais será de R$ 1.122, e R$ 1.402,50 para quem fizer 30 horas", afirmou o parlamentar.

Carlin Moura argumentou que a implantação do subsídio foi feita de forma a obrigar o servidor a abrir mão de direitos adquiridos, como o quinquênio, que é um adicional por tempo de serviço. Ruy Muniz, por sua vez, negou que os quinquênios tenham sido extintos. "O governo não vai retirar de ninguém. A pessoa pode optar ou não pelo quinquênio", afirmou.

A deputada Gláucia Brandão fez um balanço favorável do Plano Decenal de Educação e da aprovação, pelo Plenário, do subsídio para a educação. "Não são todos os avanços que gostaríamos, mas trazemos melhorias remuneratórias e de condições de trabalho", afirmou Gláucia. Ela afirmou que o adiamento, para 2011, da implantação do subsídio único se deve a impedimentos eleitorais e limitações orçamentárias. Disse estar certa, no entanto, de que a medida é positiva. "Se o projeto não trouxesse benefícios, não teria sido aprovado com 100% de votos favoráveis", declarou.

Emendas reveem metas e atualização do piso salarial

Um primeiro grupo de emendas (nºs 1, 2 19, 21, 22 e 23) trata da merenda escolar em todos os níveis e modalidades de ensino da rede estadual. A principal modificação sugerida visa assegurar que o Estado destine 30% do total de recursos próprios aplicados na merenda para a compra de produtos da agricultura familiar. O texto aprovado em 1º turno previa a destinação do mesmo percentual, porém apenas sobre os recursos utilizados pelo Estado para suplementar os investimentos do Governo Federal nessa área.

As emendas nºs 9, 18 e 25 suprimem prazos e percentuais para implantação de atividades socioeducativas e esportivas nas escolas, nos horários extraturno e nos fins de semana. Essas atividades foram incluídas no projeto por meio de emenda parlamentar apresentada durante a tramitação em 1º turno. O relator argumenta, porém, que não há levantamento técnico que garanta a oferta das atividades nos prazos e percentuais propostos. "Seria mais plausível a criação de condições para que as atividades no horário extraturno e nos fins de semana fossem gradualmente implantadas e efetivamente oferecidas", aponta. Na tentativa de especificar o que seriam as atividades socioeducativas, o parecer também substitui a expressão "projetos esportivos e socioeducativos" por "projetos sociais, esportivos, culturais e de lazer".

Metas - Quanto às metas para os ensinos fundamental e médio, o relator propõe, com as emendas nºs 3 a 8 e 11 a 17, nova organização dos dispositivos, alteração e desmembramento de alguns critérios relativos à infraestrutura, aos equipamentos e mobiliários, aos recursos humanos e à gestão escolar, entre outros itens. Para o relator, a mudança considera, de forma mais realista, as situações específicas de cada escola.

As emendas nºs 3 e 11 tratam, genericamente, da questão da infraestrutura nas escolas, respectivamente nos ensinos fundamental e médio. As emendas nºs 4 e 12 dispõem sobre a instalação de laboratório de informática. As emendas nºs 5 e 13 dizem respeito às quadras poliesportivas; e as de nº 6 e 14, à implantação de laboratórios de ciências. A garantia de bibliotecas em todas as escolas, em três anos, é assunto das emendas nº 7 e 15, e a informatização de serviços de administração escolar, das emendas nºs 8 e 16. Por fim, a emenda nº 17 garante a distribuição de livros didáticos de artes, línguas estrangeiras, sociologia e filosofia aos alunos do ensino médio.

O acompanhamento social nas escolas estaduais, estendido ao nível fundamental por emenda acatada pela comissão em 1º turno, é objeto das emendas nºs 10 e 20, que incluem no texto menção à parceria entre as escolas e os órgãos de assistência social do Estado, considerada importante fator para o sucesso e a ampliação desse atendimento.

O projeto aprovado em 1º turno propõe desenvolver e consolidar, em três anos, modelo de organização e funcionamento das escolas indígenas, do campo e das comunidades de remanescentes de quilombos. A emenda nº 24 mantém a proposta, mas suprime a expressão "evitando-se a transferência de alunos de escolas do campo para escolas em área urbana", por considerá-la desnecessária.

Piso salarial - Durante o Fórum Técnico sobre o Plano Decenal de Educação, em 2009, os servidores da educação básica conseguiram incluir no projeto a garantia de que o vencimento inicial das carreiras do magistério corresponderia, no mínimo, ao valor do piso nacional da categoria, definido pela Lei Federal 11.738, de 2008. A atualização anual seria feita com base no valor por aluno definido na Lei do Fundeb. Por meio da emenda nº 26, o relator suprime a menção à forma de atualização anual do valor do piso, alegando que a Lei 11.738 está sub judice e vem sendo rediscutida.

Já a emenda nº 27 explicita que os nutricionistas habilitados para coordenação das ações de alimentação escolar estarão vinculados ao órgão central da Secretaria de Estado de Educação e às Superintendências Regionais de Ensino. A emenda nº 28 retira do texto a obrigatoriedade de realização de conferências estaduais de educação com foco no Plano Decenal, uma vez que o PL 2.215/08 já prevê sua avaliação bienal, em articulação com a sociedade e a Assembleia Legislativa.

Também para suprimir uma expressão do texto aprovado em 1º turno, que aborda um "sistema único da educação básica", o relator apresenta a emenda nº 29. Ele justifica que os parâmetros a serem adotados nacionalmente só serão definidos em 2011, quando entra em vigor o novo Plano Nacional de Educação. Essa emenda incide sobre o tema "Diálogo entre as redes de ensino e sua interação", que trata da necessária articulação entre União, estados e municípios para o atendimento do direito à educação.

"No caso de o Plano Nacional instituir novas diretrizes para a regulamentação do que a Constituição denomina de 'regime de cooperação' entre os entes federados, as inovações poderão ser incorporadas ao Plano Decenal de Educação de Minas Gerais nas revisões já previstas, a serem realizadas a cada dois anos", consolida o parecer. Também a emenda nº 30 sugere que o texto da lei não faça menção à rede privada - quando trata das metas -, uma vez que a adesão das escolas particulares a essas metas do Plano Decenal é voluntária.

Transporte escolar - As sugestões de mudanças atingem ainda o transporte escolar, feito em colaboração por estados e municípios. A emenda nº 31 substitui a expressão "repasse integral", constante no vencido, por "repasse conforme os custos apurados". Essa forma, segundo o relator, é mais adequada à sistemática adotada pelos convênios, tanto no que se refere às parcelas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), quanto no que diz respeito aos recursos e programas complementares do Estado destinados aos municípios.

Por fim, a emenda nº 32 sugere uma alteração na vigência do Plano Decenal de Educação, que passaria a ser de 2011 a 2020, em substituição ao previsto no texto aprovado que é de 2010 a 2019. Além de seguir o ciclo orçamentário do Estado, esse novo prazo deixa o plano estadual em sintonia com o Plano Nacional de Educação, que irá vigorar pelo mesmo período, conforme a justificativa do relator.

Tribunal de Justiça - Durante a reunião desta quarta (30), o deputado Carlin Moura também relatou o resultado de visita dos membros da Comissão de Educação ao presidente do TJMG, desembargador Cláudio Costa. Durante o encontro, os deputados receberam a notícia de que o Tribunal começará a promover audiências de conciliação em 2ª instância. Costa também se comprometeu a convocar uma audiência desse tipo para resolver uma pendência discutida pela comissão, que é a disputa pelo imóvel utilizado atualmente pela Escola Família Agrícola (EFA) Bontempo, em Itaobim, no Vale do Jequitinhonha.

Na mesma reunião, foram aprovados três requerimentos que dispensam a apreciação do Plenário.

Presenças - Deputados Ruy Muniz, presidente da comissão; Deiró Marra (PR), vice; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e Carlin Moura (PCdoB); e deputada Gláucia Brandão (PPS).

 

 

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