Poços de Caldas reivindica construção de presídio

O aumento do número de servidores dos órgãos ligados à defesa social, a construção de um presídio e de um centro de i...

07/06/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Poços de Caldas reivindica construção de presídio

O aumento do número de servidores dos órgãos ligados à defesa social, a construção de um presídio e de um centro de internação para os adolescentes infratores foram as principais reivindicações apresentadas à Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que esteve nesta segunda-feira (7/6/10), em Poços de Caldas (Sul de Minas). A audiência integra o calendário de visitas da comissão a 20 cidades para traçar um diagnóstico da segurança pública do Estado. De acordo com o presidente da comissão, deputado João Leite (PSDB), o relatório das visitas subsidiará um fórum técnico sobre o tema que será realizado na ALMG entre 11 e 13 de agosto. Também será publicado um livro para orientar a votação do Orçamento e a revisão do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), informando onde há maior necessidade de aplicação dos recursos da segurança pública.

Apesar das dificuldades, Poços de Caldas é uma cidade privilegiada quanto à segurança, segundo dados apresentados durante a reunião. Para o deputado Carlos Mosconi (PSDB), os índices positivos são resultado da qualidade de vida da cidade, que apresenta a primeira posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Minas e o 20º lugar do Brasil. No entanto, de acordo com o parlamentar, isso não tira a cidade do mapa das drogas, e a população quer saber se o Estado está preparado para enfrentar o alastramento do uso do crack, por exemplo. "Faltam respostas para tranquilizar a população. O que fazer com os dependentes? Para onde podemos levá-los?", comentou o deputado.

Poços de Caldas tem menor índice de criminalidade de Minas

O chefe do 18º Departamento de Polícia Civil, Antônio Carlos Correa de Faria, informou que Poços de Caldas é a cidade de Minas com o menor índice de vulnerabilidade juvenil e a quarta do Brasil, segundo dados do Ministério da Justiça. O número de crimes violentos foi reduzido de 248 em 2007 para 112 em 2009, ou seja, um decréscimo de 110%. Segundo Faria, a polícia tem dado prioridade à repressão a esse tipo de crime, o que resultou em uma taxa de elucidação de 100% dos homicídios, sequestros e roubos a postos de gasolina. "Fazemos uma repressão rigorosa ao tráfico, com 31 prisões de traficantes em 17 flagrantes, entre 2009 e 2010", informou.

Criação da Risp - Para ele, o êxito no trabalho pode ser explicado pelos investimentos nos policiais civis e pela integração entre os órgãos do sistema de segurança pública. A 18ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp) foi criada em Poços de Caldas em 13 de janeiro deste ano, tendo sido desmembrada das regionais de Divinópolis e Pouso Alegre. O representante da Polícia Civil apontou, contudo, que o grande desafio para a segurança pública na região é o aumento dos furtos de veículos em Alfenas, que subiu de 22, entre janeiro e maio de 2009, para 66 no mesmo período de 2010. Outros problemas, na opinião de Faria, são a falta de recursos humanos, especialmente de delegados e escrivães; de recursos materiais; de centros socioeducativos para o adolescente em conflito com a lei; e de um presídio para atender Poços de Caldas.

A integração entre as corporações também foi enfatizada pelo comandante da 18ª Região da Polícia Militar, coronel José Dias da Silva Fonseca. Para ele, a criação da Risp já teve implicações nos índices de criminalidade violenta que, na visão do militar, devem cair ainda mais. "Estamos conseguindo chegar ao DNA do crime", avaliou. A Risp de Poços de Caldas reúne 55 municípios e precisa ter uma atuação estratégica em função dos cerca de 350 quilômetros de fronteira com o Estado de São Paulo. O coronel Dias também manifestou sua preocupação com Alfenas, que é a cidade mais violenta da região. Segundo ele, a queda na criminalidade no município cedeu apenas 1% do ano passado para este ano.

Cadeia pública abriga cerca de 300 detentos

O representante da PM reforçou as reivindicações do colega da Polícia Civil e enfatizou o problema da cadeia pública, que hoje abriga cerca de 300 detentos, tendo capacidade para 60. "Não podemos ficar com esse 'cadeião' no centro da cidade", afirmou, reforçando que é preciso dar condições para o preso cumprir sua pena. O comandante informou que Poços de Caldas começará a oferecer cursos de formação para os policiais, o que, na opinião dele, irá minimizar o problema da falta de efetivo da corporação. Ele explicou que hoje os policiais que servem na cidade não são de Poços de Caldas, e ficam querendo voltar para suas regiões.

O problema do número reduzido de agentes foi apresentado aos deputados também pelo comandante da 2ª Companhia de Bombeiros de Poços de Caldas, tenente Douglas Martins Soares. Segundo ele, houve uma queda de 20% no número de bombeiros nos últimos quatro anos, chegando hoje a 41. Tenente Soares reivindicou a criação de um batalhão do Corpo de Bombeiros em Poços de Caldas.

O tenente informou que não há ocorrências graves na região em virtude do trabalho de prevenção realizado pela companhia. Ele concorda com os bons resultados alcançados com a integração das polícias e afirmou que essa integração não existe só no alto comando, mas atinge também os policiais e bombeiros, nas suas atividades diárias.

Os principais desafios enfrentados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do baixo efetivo, são os roubos de cargas, a embriaguez no trânsito e a exploração sexual de crianças e adolescentes. De acordo com o superintendente substituto da PRF, inspetor Helênio Romualdo Almeida, no último feriado foram feitos 59 testes de embriaguez, que resultaram em cinco prisões. O inspetor informou que, em sua delegacia, 16 policiais fazem a guarda de 233 quilômetros de rodovia. Na avaliação dele, seriam necessários pelo menos 50.

Criminalidade está diretamente ligada às drogas

O defensor público Bruno Pinto Rodrigues informou que um diagnóstico da Defensoria aponta que os maiores responsáveis pelos crimes são o tráfico de drogas e a dependência química. Ele explicou que o tráfico não está relacionado apenas a grandes operações, mas também à venda de pequenas quantidades de drogas. Rodrigues explicou que a Defensoria recebe familiares de dependentes pedindo ajuda para internar seus parentes. Alguns chegam mesmo a pedir que prendam os familiares que usam drogas, porque preferem vê-los na prisão do que cometendo crimes nas ruas. Ele denunciou a fragilidade do sistema de saúde para tratar dessa questão. O defensor também pediu o reforço dos quadros da Defensoria, para que ela possa atuar também na educação da sociedade para os seus direitos e na prevenção do uso das drogas.

O deputado João Leite lembrou que a Assembleia Legislativa acompanha há anos os projetos de fortalecimento da Defensoria e aguarda decisão judicial para realização do concurso para defensores.

O secretário municipal de Defesa Social de Poços de Caldas, Sérgio Crisansqui, falou dos projetos da prefeitura para ajudar a conter a criminalidade. Segundo ele, o trabalho preventivo é feito na cidade de forma integrada pelas diversas secretarias. Ele e a vice-prefeita do município, Gláucia Boratto, também pediram a construção do presídio e da casa para recuperação dos menores infratores.

Presenças - Deputados João Leite (PSDB), presidente; e Carlos Mosconi (PSDB). Também participaram da reunião, além dos citados na matéria, o presidente da Câmara Municipal de Poços de Caldas, Marcus Eliseu Togni; e o diretor de relações institucionais da Secretaria de Estado de Esportes e Juventude, Gustavo Henrique Neves Machado.

 

 

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