Tráfico preocupa Contagem, apesar da queda na
criminalidade
A 2ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp),
que envolve 17 municípios, entre eles Contagem, Betim, Ibirité e
Ribeirão das Neves, apresentou redução de 17,96% no índice de
criminalidade violenta nos primeiros quatro meses de 2010 em relação
ao mesmo período do ano passado. A informação é do comandante da
Polícia Militar de Contagem, coronel Irani Alvear Saraiva, que
participou, nesta segunda-feira (24/5/10), da audiência pública da
Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais em Contagem. A reunião foi requerida pelos deputados João
Leite (PSDB), presidente da comissão, Rômulo Veneroso (PV), Tenente
Lúcio (PDT) e pela deputada Maria Tereza Lara (PT).
Outros números apresentados pelo coronel seguem na
mesma linha positiva: foram 21% menos homicídios consumados e 18% de
redução das ocorrências de roubo. Ele atribui esse resultado ao
acréscimo no número de operações policiais e nas apreensões de armas
de fogo realizadas pela Polícia Militar.
Apesar da queda na taxa de criminalidade, os
participantes manifestaram preocupação com o tráfico de drogas que,
segundo a defensora pública Cláudia Costa de Almeida, está por trás
de 80% dos casos de crimes violentos na região. Constatação
semelhante foi feita pelo promotor de Justiça de Contagem, Fernando
Augusto Cipolini Melo. Segundo informou, cerca de 60% dos processos
criminais que tramitam na 4ª Vara dizem respeito ao tráfico. O
diretor da Gerência Regional de Saúde de Belo Horizonte, Anthero
Drummond Júnior, alertou para o efeito devastador do crack e do
álcool para a sociedade.
O secretário adjunto de Defesa Social do município,
Luiz Cláudio Almeida Teodoro, se queixou da carência de policiais
militares e civis e bombeiros na cidade, apesar de o coronel Irani
Alvear ter declarado que a PMMG aumentou o número de operações na 2ª
Risp.
João Leite destacou que a Comissão de Segurança
Pública está realizando um diagnóstico da segurança pública em todo
o Estado para oferecer ao governo uma publicação com recomendações
para melhorar a prevenção e o combate à criminalidade em Minas. Ele
anunciou que o fechamento desse diagnóstico será o Fórum Técnico
Segurança Pública - Drogas, violência e criminalidade, a ser
realizado na Assembleia Legislativa entre 11 e 13 de agosto de
2010.
Parceria é necessária para reduzir o
problema
Diversos participantes da reunião em Contagem
manifestaram a necessidade de integração entre o poder público e a
sociedade nessa tarefa de garantir a segurança pública da população.
A importância de ações em conjunto foi citada por Anthero Drummond
Júnior. Além da presença ostensiva da polícia nas ruas, ele destacou
a necessidade de mobilização comunitária. "Se a gente não tiver a
noção de responsabilidade compartilhada, nada muda", afirmou.
Na mesma linha, o deputado Durval Ângelo (PT)
criticou a falta de vontade política dos governantes para enfrentar
os problemas nessa área. "Concordamos com os mesmos diagnósticos,
sabemos os caminhos, mas falta coragem", afirmou. Ele citou o
exemplo da cidade de Nova York, nos Estados Unidos, cuja prefeitura
tomou uma série de iniciativas para integrar os jovens ao esporte,
ao emprego e à educação, e também agiu na revitalização do aspecto
visual da cidade. Só então adotou a política de "tolerância zero"
para a criminalidade. Durval citou também iniciativas de assistência
social realizadas no bairro de Nova Contagem que ajudaram a reduzir
em até 70% o índice de violência no local.
Outro ponto citado na reunião foi a importância de
ações preventivas por meio de programas de assistência social, saúde
e educação. Luiz Cláudio Teodoro citou os trabalhos realizados pela
prefeitura de Contagem nessa área. Para a diretora do Centro Social
Urbano (CSU) Eldorado, Maria da Glória Morais, é preciso valorizar o
trabalho social junto a crianças e adolescentes, que é muito eficaz
para evitar a entrada desses jovens no vício e no tráfico.
Maria Tereza Lara parabenizou todos os
participantes pelos debates e manifestou sua esperança na melhoria
da segurança em Minas. Ela reforçou a importância do papel da
sociedade civil nesse trabalho, destacando que segurança pública
deve ser encarada como uma política de Estado. A deputada voltou a
convocar a população para que ela se envolva na prevenção e combate
ao crime e reforçou o compromisso da comissão com essa
tarefa.
Requerimentos - O deputado
Durval Ângelo apresentou 13 requerimentos. Ele solicita
providências, entre outros assuntos, na cessão de terrenos para a
construção de uma Associação de Proteção e Apoio ao Condenado (Apac)
e de um Centro de Internação de Menores em Contagem, no aumento do
efetivo da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros e da Defensoria
Pública e a ampliação de programas do governo, como Fica Vivo e
Poupança Jovem. Os requerimentos não foram aprovados por falta de
quórum, mas deverão ser submetidos à votação, bem como outros
decorrentes da reunião desta segunda-feira (24), na próxima reunião
da comissão.
O assessor da Superintendência de Integração da
Secretaria de Estado de Defesa Social, Rodrigo Xavier da Silva,
reconheceu a carência de pessoal nas polícias e nos bombeiros e
ficou de encaminhar as demandas ao titular da pasta. Ressaltou,
porém, que a Polícia Rodoviária Federal também está com déficit de
pessoal.
Presenças - Deputados João
Leite (PSDB), presidente da Comissão de Segurança Pública; Durval
Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos, e deputada
Maria Tereza Lara (PT). Participaram também da reunião o presidente
da Câmara Municipal de Contagem, vereador Irineu Inácio da Silva; a
diretora educacional da Superintendência Regional de Ensino -
Metropolitana B, Rosângela Leonardo da Silva; a chefe do 2º
Departamento de Polícia Civil de Contagem, Vânia Lúcia Godoi de
Faria; o comandante da 3ª Cia. de Bombeiros Militar, capitão Paulo
Enock; e o juiz da Vara da Infância e Juventude de Contagem, Elias
Charbil Adou Obeid.
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