Expansão da UFU no Alto Paranaíba será decidida nesta sexta
(7)
A implantação de cursos da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU) em Monte Carmelo e Patos de Minas, no Alto
Paranaíba, deverá ser decidida pelo Conselho Universitário da UFU na
próxima sexta-feira (7). Há o risco, porém, de o pedido de Monte
Carmelo ser indeferido. As informações foram passadas pelo deputado
Weliton Prado (PT), durante audiência da Comissão de Assuntos
Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais realizada nesta quarta-feira (5/5/10) em Monte Carmelo, a
requerimento do parlamentar.
A criação dos campi remotos da UFU já foi
aprovada pelo Congresso e tem recursos definidos no Orçamento da
União. Portarias do Ministério da Educação (MEC) também já foram
publicadas, autorizando a contratação, por concurso, de 27
profissionais, o que deve ser feito até outubro, em função das
eleições. No entanto, segundo o deputado Weliton Prado, na última
reunião do conselho da UFU, no dia 16 de abril, os conselheiros
argumentaram que não houve discussão técnica aprofundada nem debates
sobre a possibilidade da criação de cursos em Monte Carmelo, e
chegaram a encaminhar contra a criação dos cursos.
O deputado Weliton Prado e o vereador Vítor Hugo
apresentaram ao conselho universitário uma consulta popular feita em
Monte Carmelo, o que levou a UFU a adiar a votação. "O conselho não
sabia dessa discussão na cidade, e a consulta pública foi uma peça
fundamental para o adiamento da votação. Agora temos que nos
mobilizar e levar mais subsídios para os conselheiros", defendeu
Prado, que é 3º vice-presidente da ALMG. "Com a
universidade, virão empresas, indústrias, empregos, aeroportos e
oportunidades para os jovens de Monte Carmelo", afirmou.
A reunião foi coordenada pelo deputado Almir Paraca
(PT), que também enfatizou a necessidade de mobilização e de novas
orientações para o conselho da UFU. "É fundamental colher esse
sentimento regional. Esse projeto é importante para o
desenvolvimento de toda a região, pois o grande valor da sociedade
atual é o conhecimento. E nada melhor que uma universidade federal
para proporcionar esse conhecimento", disse.
Autoridades são acusadas de boicotar o
movimento
Durante a audiência, ficou clara a indignação de
alguns moradores em relação à comissão criada em Monte Carmelo para
acompanhar o processo junto à UFU. Juvelino Antônio da Silva Filho,
que falou durante a fase de debates, ressaltou que nenhum membro da
comissão esteve na última reunião do conselho universitário. Segundo
ele, alguns membros chegaram a pedir que o curso de Agronomia não
seja criado, para não prejudicar a Fundação Carmelita Mário Palmério
(Fucamp), que oferece o curso no período noturno. A Fucamp,
inclusive, é cotada como local para abrigar os possíveis cursos da
UFU.
Creuzo Takahashi, diretor da Copermonte, argumentou
que a Fucamp não será concorrente da UFU. "O que vai haver é uma
sinergia, com fortalecimento de interação entre alunos e estudantes.
A Fucamp tem o curso noturno e a UFU oferecerá em outro período",
salientou. O tesoureiro da Associação Mineira de Estudantes (AME),
Samuel Martins Lara, completou que, no vestibular de 2010 da UFU,
302 candidatos optaram por Agronomia, para 20 vagas apenas. No
total, a universidade ofertou 1.913 vagas e recebeu 13.608
inscrições. "Esse debate é urgente. A droga recruta mais jovens do
que a universidade absorve", comparou.
Requerimento - Os
deputados Weliton Prado e Almir Paraca apresentaram um requerimento,
a ser votado na próxima reunião da comissão, pedindo ao conselho da
UFU que aprove a expansão dos cursos e priorize o de Agronomia em
Monte Carmelo.
População se prepara para ir a Uberlândia
Ainda durante a audiência, os moradores começaram a
organizar uma caravana para acompanhar a reunião do conselho
universitário da UFU, em Uberlândia, na sexta-feira (7). Dois ônibus
foram doados pelo empresário José Eduardo Dornelas, enquanto
professores e líderes estudantis se ofereceram para mobilizar os
estudantes. A expectativa da população é de que a universidade leve
desenvolvimento as município e ponha fim ao êxodo de jovens para
cidades maiores, em busca da universidade gratuita. Autoridades de
outros municípios da região também relataram problema semelhante.
O vereador Vítor Hugo lembrou que a economia de
Monte Carmelo é pouco diversificada, que não há opções para a
juventude e que um campus de universidade federal, com
pessoas de todo o País, traria diversidade cultural para a cidade.
Na fase de debates, moradores lamentaram ter que mandar os filhos a
outras cidades para estudar. Estudantes também relataram o
sacrifício, já que muitas vezes são obrigados a viajar diariamente
para fazer a faculdade. Os deputados da comissão receberam ainda
denúncias de perseguição a professores e estudantes da cidade e
prometeram apurar.
Presenças - Deputados
Weliton Prado e Almir Paraca, ambos do PT. Também participaram da
reunião os vereadores Kleiber Paulo Mundim Côrtes e Heraldo José
Pires, de Monte Carmelo; Renê Luiz, de Romaria; e Marcilene Jacinto
Queiroz, de Patrocínio; o comandante da Polícia Militar em Monte
Carmelo, major Marcos Aurélio Daniel; e o presidente da Liga das
Associações de Bairro de Monte Carmelo, João Machado. A UFU e o
Ministério da Educação enviaram correspondência justificando
ausência.
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