Curvelo reivindica mais policiais e centros para dependentes químicos

Providências para reverter o baixo efetivo da Polícia Civil e garantir a construção de uma sede para abrigar as políc...

27/04/2010 - 00:04
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Curvelo reivindica mais policiais e centros para dependentes químicos

Providências para reverter o baixo efetivo da Polícia Civil e garantir a construção de uma sede para abrigar as polícias integradas, além de recursos orçamentários que garantam não só a implantação, mas também a manutenção de centros de tratamento de dependentes químicos, foram algumas das reivindicações apresentadas em Curvelo na manhã desta terça-feira (27/4/10), durante audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Curvelo é sede da 14ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp) do Estado, que integra todas as polícias. Além do baixo número de policiais civis, o tenente-coronel Ernest Soares, chefe do Estado Maior da 14ª Região da Polícia Militar, apontou como um dos maiores desafios para a atuação integrada das polícias a extensão da região atendida, que abrange mais de 67 mil km2, 58 municípios e uma população de cerca de um milhão de habitantes. "Essa extensão territorial é maior do que cinco estados brasileiros", dimensionou o tenente-coronel.

O representante da PM afirmou ainda que a Regional de Curvelo é composta por cinco unidades operacionais - além de Curvelo, Pirapora, Sete Lagoas, Diamantina e Capelinha - das quais a de Sete Lagoas apresenta os indicadores de violência mais preocupantes, ligados sobretudo ao tráfico de drogas. Mas de forma geral, os dados apresentados apontam para a redução dos índices de crimes violentos, que incluem homicídios e estupros, e de crimes contra o patrimônio na região abrangida pela 14ª Risp.

Drogas respondem por mais de 30% dos homicídios na região

O tenente-coronel ressaltou que um terço dos homicídios registrados na região de Curvelo estão relacionados a consumo de drogas e dívidas de tráfico, conforme indicado no momento da ocorrência. Apesar disso, ele frisou que os resultados que têm sido obtidos pela integração das polícias e também por acordo de metas firmado na região são positivos. Segundo o representante da PM, a 14ª Risp estava na antepenúltima posição entre as 18 regiões existentes em Minas quanto ao bom desempenho, chegando este ano em segundo lugar.

Os dados apresentados mostram que os crimes violentos na 14ª Risp tiveram redução de 46,72% no primeiro trimestre deste ano comparado ao mesmo período de 2009, caindo de 809 para 431 ocorrências nos 58 municípios, superando a meta de redução, que era de 8%. Da mesma forma, a redução de homicídios consumados foi de 21% e a de crimes contra o patrimônio, de 52%, também comparando os mesmos períodos e toda a Risp.

O coronel destacou, ainda, entre as ações desenvolvidas pela PM na região, o projeto para capacitar em direitos humanos 100% do efetivo até o final do ano, com a oferta de 15 cursos este ano. "Sem uma polícia respeitadora e sem fortes investimentos em capacitação não se consegue abaixar os índices de criminalidade", alertou.

Desafios - O representante da PM também listou para a comissão uma série de desafios ainda enfrentados na região, como a construção da sede da Risp, que já tem terreno doado pela prefeitura de Curvelo e cuja obra já deveria ter sido concluída, mas que ainda não saiu do papel. Citou, ainda, a necessidade de uma maior aproximação do Ministério Público, da Justiça, de legislativos municipais e prefeituras para a otimização da cooperação e da integração em prol da segurança pública; da ampliação das Apacs na região; da retirada definitiva da Polícia Militar da guarda das cadeias públicas e de melhorias na estruturação logística e no efetivo das instituições integradas.

Comarca tem apenas quatro delegados e faltam recursos para dependentes

Apesar dos indicadores, o chefe em exercício do 14º Departamento de Polícia Civil de Curvelo, Valmir de Paula Ramos, afirmou que a comarca vive um sério problema de falta de efetivo. Hoje são apenas quatro delegados para atender uma cidade com cerca de 75 mil habitantes e outros três municípios vizinhos. O número de agentes - 21 - também é insuficiente para atender a demanda.

Já o prefeito de Curvelo, Doutor José Maria Penna Silva, embora elogiando o trabalho integrado da polícia em toda a 14ª Risp, lamentou as dificuldades enfrentadas para o tratamento de dependentes químicos na região. "A maior dificuldade é o apoio do governo, porque às vezes conseguimos recursos para construir centros de tratamento, mas não conseguimos recursos para a manutenção", alertou o prefeito.

Ele reivindicou que a comissão defenda a inclusão, no Orçamento do Estado, de recursos também para tratamento de dependentes e manutenção de centros. Entre ações preventivas da prefeitura, listou investimentos em esportes, como a construção de pista de bicicross na cidade, e incentivos a eventos, como o campeonato mineiro de futevôlei realizado este ano em Curvelo.

Para o presidente da Câmara Municipal de Curvelo, vereador Henrique Duarte Gutfraind, são fatores que agravam a violência e o uso de drogas na região a falta de perspectivas para a juventude, o momento de dificuldades por que passa a área de educação e a desestruturação familiar. "É importante traçar estratégias que possam levar a uma vida mais saudável", defendeu.

Deputado anuncia que PPAG deve contemplar reivindicações

O presidente da comissão, deputado João Leite (PSDB), lembrou que estão sendo visitadas todas as Risps de Minas Gerais, para fazer um diagnóstico da segurança pública no Estado e colher sugestões de melhorias, conforme requerimento de sua autoria e ainda dos deputados Rômulo Veneroso (PV), Tenente Lúcio (PDT) e deputada Maria Tereza Lara (PT), vice-presidente. João Leite anunciou que a consolidação final dos relatórios de todas as visitas será publicada em livro e apresentada durante o Fórum Técnico "Segurança Pública", que a Assembleia Legislativa vai realizar no período de 11 a 13 de agosto. As audiências públicas integram a etapa de interiorização do fórum.

O documento final, segundo o deputado, vai subsidiar também a confecção do Orçamento e a revisão do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), que vai definir metas do Estado para os próximos cinco anos. O objetivo, adiantou, é que as necessidades de melhorias apontadas nas audiências possam ser incluídas no planejamento do Estado.

João Leite lembrou, por outro lado, que o problema das drogas tem sido abordado em praticamente todas as regiões, a exemplo de Uberlândia, onde 70% dos crimes violentos estão ligados ao tráfico de drogas. Apesar da forte repressão policial para combater o tráfico em Minas, o parlamentar ressaltou que ainda há falhas quanto ao tratamento do dependente de drogas. "Com isso a polícia tira o traficante e outro ocupa o seu lugar", alertou.

Ociosidade - Já a vice-presidente da comissão, deputada Maria Tereza Lara, ressaltou a necessidade de investimentos na recuperação de presos, que segundo lembrou, tem sido recorrente nas audiências da comissão, e defendeu a urgência da implantação da escola em tempo integral de qualidade, para prevenção da criminalidade.

"A segurança pública tem que ser alvo de uma política de Estado, e não de um governo", frisou a parlamentar. Ela também defendeu mudanças urgentes no sistema penitenciário do Brasil e de Minas. "Qualquer leigo sabe que o sistema alimenta a violência, com algumas exceções, como as Apacs" disse Maria Tereza, lembrando que a maioria dos presos é formada por jovens pobres, que vivem situações de revolta e ociosidade no sistema prisional. Sobre os indicadores positivos apresentados, ela alertou que "a curva é descendente, mas enquanto houver um homicídio ou uma violência contra a criança não se pode descansar".

O deputado Doutor Viana (DEM), 1º vice-presidente da ALMG, ressaltou seu apoio à iniciativa da comissão, que considerou "estar fazendo um trabalho extraordinário de aprofundamento dos estudos sobre a segurança pública e sobre a consolidação da integração das polícias adotada pelo Governo do Estado".

Investimento em prevenção é consenso em audiência

O chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários, Robinson Fuchs Brasilino, falou que a Polícia Federal entende como positivo o trabalho integrado de todas as polícias. "Somos todos componentes de segurança pública", frisou, defendendo que o trabalho não se restrinja à repressão, mas que centre forças também na prevenção, e ainda que seja valorizada a "ciência do crime", para que sejam produzidas análises adequadas de causas, implicações e conseqüências dos crimes praticados.

A promotora de Justiça da comarca de Curvelo, Larissa Rodrigues Amaral, também fez um apelo para que sejam implantados mais projetos esportivos e outros voltados para a prevenção da criminalidade e para a ressocialização de jovens. Ela disse, ainda, que o sistema não deve se preocupar apenas com a prisão de criminosos, mas também com a verificação de provas desde o início dos processos e com o cumprimento das penas, para que seja feito de forma a reduzir a reincidência.

Larissa Rodrigues também defendeu um movimento mais forte pela construção de Apacs na região e a criação de mecanismos para que, durante o cumprimento de penas, haja também um acompanhamento do entorno que envolve o preso. No seu entendimento, isso poderia identificar se familiares ou pessoas de sua relação, por razões financeiras, não estariam assumindo funções que o preso tinha, por exemplo, no tráfico de drogas, para suprir sua ausência.

A superintendente regional de Ensino de Curvelo, Dilceia Sampaio, acrescentou que muitos pais, muitas vezes obrigados a lutar pela sobrevivência, estão perdidos na educação, "deixando seus filhos a mercê de tudo e de todos", o que contribui para situações de violência e entrada na criminalidade. "A formação do jovem é prejudicada também pela falta de valores, e a escola, além de ensinar a ler e escrever, tem que incutir esses valores", registrou ela.

Presenças - Deputados João Leite (PSDB), presidente da comissão; Doutor Viana (DEM), 1o vice-presidente da ALMG; e deputada Maria Tereza Lara (PT), vice-presidente da comissão. Participaram, ainda, o major Ricardo Eugênio da Silva Oliveira, subcomandante do 3º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar; e Roberta Fernandes Santos, Diretora de Ressocialização e Atenção ao Preso da Superintendência de Administração Prisional (Suapi).

 

 

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