Plenário já pode analisar em 1º turno quitação de dívida do Ipsemg

O projeto que autoriza o Executivo a quitar dívida com o Instituto de Previdência do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) ...

14/04/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Plenário já pode analisar em 1º turno quitação de dívida do Ipsemg

O projeto que autoriza o Executivo a quitar dívida com o Instituto de Previdência do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) está pronto para ser discutido e votado pelo Plenário, em 1º turno. Nesta quarta-feira (14/4/10), a Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou parecer favorável à matéria, depois de muita polêmica e debate entre deputados do bloco de oposição e parlamentares da base de apoio ao governo. A oposição repetiu críticas feitas pelo funcionalismo público em audiência na noite de terça (13), além de pedir mais tempo para analisar o projeto. Já a base de apoio ao Executivo classificou como uma saída para a autarquia a proposta do Tesouro de quitar sua dívida assumindo os precatórios contra o instituto.

Mesmo aprovado o parecer, o debate sobre o Projeto de Lei Complementar (PLC) 35/07 promete continuar. Os deputados Carlin Moura (PCdoB) e Antônio Júlio (PMDB), que votaram contra o parecer, e Sávio Souza Cruz (PMDB) apresentaram cinco requerimentos com diversos pedidos de informações, a serem relatados pelo deputado Lafayette de Andrada (PSDB), também relator do projeto. Questionado por Souza Cruz sobre a viabilidade de um parecer oral sobre os requerimentos, Andrada informou que tentará obter os dados dos órgãos competentes, de forma oficiosa. Ele ponderou que, assim, as informações podem chegar de forma mais rápida, lembrando as limitações impostas pelos prazos de tramitação de proposições previstos no Regimento Interno.

Requerimentos tratam da origem e montante dos precatórios

O deputado Carlin Moura apresentou três requerimentos. Um deles solicita informações sobre a lista de precatórios de responsabilidade do Ipsemg, especificando-se o total de precatórios expedidos pendentes de pagamento e o valor devido, assim como sua discriminação por ano, pela natureza dos processos e, no caso daqueles decorrentes de direitos de servidores, o órgão ao qual os funcionários pertenciam. O requerimento é dirigido ao secretário de Estado de Fazenda, Simão Cirineu Dias; ao presidente do Ipsemg, Antôno Caram Filho; e ao presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Sérgio Resende. Precatório é a dívida que o Estado tem de pagar, com decisão judicial transitada em julgado, ou seja, quando não cabe mais recurso ao Poder Judiciário.

O deputado também quer saber do Executivo o montante do Fundo de Previdência do Estado de Minas Gerais (Funpemg) e em que conta está depositado. Em outro requerimento, indaga a data do início das operações do fundo com a respectiva instituição financeira, a forma e os motivos que levaram os administradores a escolherem esses serviços, além do seu custo. O parlamentar também quer a cópia do processo de licitação ou dispensa de licitação que resultou na escolha da instituição prestadora do serviço. A Lei Complementar 64, de 2002, que criou o Regime Próprio de Previdência e Assistência Social dos Servidores Públicos, determinou que fossem recolhidas ao Funpemg as contribuições do segurado que tomou posse depois de 31 de dezembro de 2001.

Consultoria - O terceiro requerimento de Carlin Moura solicita do secretário de Fazenda e do presidente do Ipsemg informações sobre os valores repassados pelo Tesouro para a autarquia desde 2005, para efeito de abatimento da dívida. Já o deputado Antônio Júlio solicita do presidente do Tribunal de Justiça informações sobre os valores pagos a título de honorários de precatórios do Ipsemg, a partir da Lei Complementar 64. O deputado Sávio Souza Cruz, por sua vez, quer da direção do Ipsemg e da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) o resultado da consultoria feita pela Aon Holdings Ltda. A firma foi contratada em 2007 para fazer o diagnóstico da autarquia e apontar soluções a serem implementadas. O trabalho foi concluído em 2008.

Parecer incorpora proposta do governador para incluir débitos de pequeno valor

O PLC 35/07 pretende equacionar o problema da dívida do Tesouro do Estado com o Ipsemg, por meio da compensação contábil de débitos e créditos gerados ao longo dos anos. De acordo com o projeto original, o Tesouro propõe assumir os débitos relativos aos precatórios emitidos contra o instituto, no valor de R$ 686.407.497,23, conforme apurado em dezembro de 2009. A Seplag informou que parte da dívida relativa à previdência já foi quitada por meio do pagamento, pelo Tesouro, de benefícios previdenciários concedidos pela autarquia. O restante será pago agora.

O deputado Lafayette de Andrada apresentou o substitutivo nº 2, opinando pela rejeição do substitutivo nº 1, da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O novo texto foi apresentado para incorporar a proposta feita pelo governador de incluir os débitos caracterizados como requisitórios de pequeno valor (RPVs), apresentados contra o Ipsemg, quando os objetos das ações que os originaram forem anteriores à data de publicação da Lei Complementar 64.

Além disso, o substitutivo nº 2 suprimiu o inciso II do artigo 1° do projeto, que autorizava o parcelamento do saldo remanescente em 120 parcelas mensais. Isto porque, com a quitação da dívida, ficaria extinto o saldo remanescente.

Na avaliação do relator, o projeto contribuirá para dotar o Ipsemg de capacidade para melhor executar suas funções, pois vai equacionar as pendências financeiras do instituto. Ele enfatiza que a soma dos débitos com precatórios e com RPVs representa uma obrigação superior à dívida do governo com a autarquia, calculada em R$ 607.261.435,21 em fevereiro de 2010, o que lhe permitirá "destinar maior volume de recursos para atenção à saúde do servidor". Segundo o parecer, o projeto não gera impacto sobre as contas públicas, pois é uma operação contábil envolvendo obrigações já previstas no Orçamento do Estado.

Propostas de emendas - O relator opinou ainda pela rejeição de duas propostas de emendas apresentadas pelo deputado Getúlio Neiva (PMDB). Segundo ele, as emendas tratam de matéria tributária, não pertinente ao projeto, e de procedimento já realizado pela Advocacia-Geral do Estado (AGE) relativo ao pagamento de precatórios.

Deputados do governo e da oposição repetem polêmica da audiência de terça

Os deputados da oposição e do governo repetiram a polêmica da audiência da última terça-feira (14). Pelo bloco de oposição, falaram os deputados Adelmo Carneiro Leão, Antônio Júlio, Carlin Moura, Weliton Prado e Sávio Souza Cruz. Para Leão e Weliton Prado, o projeto representa um calote na dívida que o Tesouro tem com o Ipsemg. Eles cobraram que sua tramitação seja suspensa, além de denunciarem o que classificaram de caos no atendimento à saúde prestado pela autarquia, com falta de médicos e equipamentos. Esses problemas também foram expostos por Antônio Júlio, um dos que questionaram tanto o montante divulgado para a dívida com o instituto quanto o valor total dos precatórios a pagar. "Os números são viciados. A dívida supera em muito R$ 1 bilhão", avaliou.

Assim como Antônio Júlio e Weliton Prado, o deputado Sávio Souza Cruz defendeu a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre o instituto. "A Assembleia precisa resgatar sua atribuição de investigar, que lhe foi retirada pelo Executivo", opinou o líder da Minoria, para quem não se pode votar o projeto com pressa, tendo em vista que o problema da dívida se arrasta há mais de uma década. "É preciso uma solução verdadeira, e não outra que pode agravar o problema", disse. O deputado Carlin Moura, autor de três requerimentos de informações, afirmou que, para fazer o encontro de contas proposto pelo governo, é preciso antes ter clareza dos dois débitos. "Este é o ponto nevrálgico: a natureza dos precatórios e seu valor e o montante da dívida", analisou.

Resposta - O presidente da comissão, deputado Zé Maia (PSDB), e o relator, deputado Lafayette de Andrada, defenderam o governo. Na avaliação do presidente, não está sendo votado de forma apressada um projeto que tramita desde 2007 e que, na comissão, já foi objeto de concessão de pedido de vista (mais prazo para análise) e de audiência. Para Zé Maia, o governo está, na verdade, acabando com "17 anos de mazelas contra o Ipsemg". Segundo ele, a dívida do Tesouro com a autarquia teria se formado entre 1985 e 2002. Ainda de acordo com Maia, representantes de sindicatos de servidores teriam informado que o período mais crítico foi entre 1994 e 2002. "O Ipsemg vai tirar de suas costas um peso de mais de R$ 750 milhões", defendeu.

Já o relator ponderou que todos os números repassados à Assembleia sobre a dívida e o montante dos precatórios vieram do próprio governo. Andrada também informou que existe uma razão para votar o projeto agora: a aprovação da Emenda à Constituição Federal 62, de 2009, que instituiu novas regras para o pagamento de precatórios. Segundo ele, o Ipsemg terá que pagar de uma só vez o débito de R$ 70 milhões relativo aos RPVs, além de R$ 4 milhões por mês para fazer jus ao débito com precatórios. "Não é que o Estado seja bonzinho, mas se alguma medida não for tomada, o Ipsemg vai fechar", avaliou.

Em resposta ao presidente, o deputado Sávio Souza Cruz afirmou que os repasses das contribuições foi integral ao Ipsemg no ano de 1999, quando ele era secretário de Estado de Administração do governo Itamar Franco.

Comissão analisa também projetos de doação de imóveis e sobre divulgação de lei

A Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária também analisou outros projetos nesta quarta-feira (14). Entre eles, o PL 3.813/09, do deputado Sargento Rodrigues (PDT), que dispõe sobre a divulgação da Lei Federal 11.785, de 2008, que define o tamanho mínimo da fonte em contrato de adesão, no âmbito das repartições públicas estaduais de Minas e nas empresas privadas que celebram contrato de adesão. O relator, deputado Inácio Franco (PV), opinou pela aprovação da matéria na forma do substitutivo nº 1, da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte.

A lei federal alterou o Código de Defesa do Consumidor, acrescentando-lhe artigo para tornar obrigatória a redação dos contratos de adesão com caracteres ostensivos e legíveis, cuja fonte tenha tamanho não inferior a 12, de modo a facilitar a leitura do consumidor. O objetivo do projeto é obrigar os fornecedores que celebram contratos de adesão, os órgãos públicos e os veículos de comunicação estaduais a divulgarem essas informações. Não se trata, simplesmente, de reproduzir a lei, mas assegurar o direito à informação. O substitutivo faz a adequação do texto à técnica legislativa e o compatibiliza com as normas de proteção ao consumidor, em particular quanto à sanção pelo descumprimento da regra.

Dois projetos que tiveram pareceres aprovados tratam de doação de imóveis:

* PL 4.207/10, do deputado Mauri Torres (PSDB), que autoriza o Executivo a doar à Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) imóvel destinado à ampliação do campus da instituição em João Monlevade (Região Central do Estado). O relator, deputado Zé Maia, opinou pela aprovação da matéria com a emenda nº 1, que apresentou, para acrescentar a expressão "e suas benfeitorias" após a metragem do imóvel, a fim de deixar claro que as benfeitorias do terreno estão incluídas na doação. O projeto tramita em 2º turno.

* PL 3.391/09, do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que autoriza o Executivo a doar a Itajubá (Sul de Minas) imóvel destinado à instalação de unidade de atendimento à saúde. O relator, deputado Sávio Souza Cruz, opinou pela aprovação na forma proposta. O projeto tramita em 1º turno.

Adiamento - Três projetos que tramitam em 1º turno tiveram pedidos de vista concedidos. Quando um deputado faz um pedido de vista, ele quer analisar em profundidade um projeto, antes da votação do parecer. As proposições são as seguintes:

* PL 2.499/08, do deputado Padre João (PT), que garante o fornecimento gratuito de medicamentos, especialmente os de uso continuado, aos idosos que comprovadamente gastem mais de 30% de sua renda mensal com medicamentos, bem como às entidades que prestam atendimento a pessoas idosas (acrescenta dispositivos à Lei 14.133, de 2001, que dispõe sobre a política estadual de medicamentos). O parecer do relator, deputado Lafayette de Andrada, foi pela rejeição do projeto, mas o deputado Carlin Moura pediu vista do parecer. Segundo o relator, o projeto acarreta despesa e não tem estimativa de impacto orçamentário.

* PL 4.135/10, do governador, que autoriza a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) a alienar os imóveis que especifica. O relator, deputado Lafayette de Andrada, opinou pela aprovação da matéria na forma do substitutivo nº 1, da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas o deputado Sávio Souza Cruz quer analisar melhor o parecer. Segundo ele, é inusitado que uma empresa do Estado seja transformada em imobiliária. São cinco os imóveis a serem alienados, localizados tanto em Belo Horizonte quanto em São Paulo e no Rio de Janeiro. Segundo o relator, os imóveis foram avaliados em mais de R$ 15 milhões, que representarão investimentos para a Fapemig.

* PL 4.138/10, do governador, que autoriza o Executivo a doar a Taiobeiras (Norte de Minas) imóvel para o funcionamento da sede da Secretaria Municipal de Educação e outras unidades administrativas. O relator, deputado Agostinho Patrus Filho, opinou pela aprovação do projeto na forma do substitutivo nº 1, da CCJ, mas o deputado Souza Cruz também pediu vista do parecer.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Zé Maia (PSDB), presidente; Jayro Lessa (DEM), vice; Adelmo Carneiro Leão (PT), Agostinho Patrus Filho (PV), Antônio Júlio (PMDB), Lafayette de Andrada (PSDB), Sebastião Costa (PPS), Sargento Rodrigues (PDT), Carlin Moura (PCdoB), Weliton Prado (PT) e Sávio Souza Cruz (PMDB).

 

 

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