Doentes de Parkinson falam de suas dificuldades na Comissão de
Saúde
O mal de Parkinson, doença neuro-degenerativa e
progressiva que afeta a capacidade motora e emocional dos pacientes,
foi o tema de uma audiência pública realizada nesta quarta-feira
(6/4/10) pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais. Solicitada pelo deputado Wander Borges (PSB), a reunião teve
o objetivo de ouvir as pessoas envolvidas com a doença, que puderam
falar das suas dificuldades cotidianas e apresentar
reivindicações.
Uma lista com as principais necessidades dos
portadores da enfermidade foi apresentada pelo presidente do
Instituto Parkinsoniano de Minas Gerais, Gervásio Pierre Araújo
Fraga. Ele pediu que o Sistema Único de Saúde (SUS) custeie uma
cirurgia chamada DBS (do inglês deep brain stimulation, ou profunda
estimulação cerebral), que alivia os sintomas da doença, bem como
terapias alternativas.
Outra reivindicação foi que o Governo de Minas não
delegue às prefeituras a tarefa de fazer a distribuição gratuita dos
medicamentos destinados aos parkinsonianos. Fraga teme que algumas
delas não tenham a responsabilidade necessária para lidar com esse
assunto e acabem provocando a falta dos remédios, o que não acontece
hoje, como ele fez questão de reconhecer. Além disso, pediu a
criação de uma casa de apoio em Belo Horizonte, onde se estima
existirem mil portadores da doença.
Essa solicitação foi recebida diretamente pelo
deputado Wander Borges, que se comprometeu a buscar uma resposta
junto ao prefeito da Capital, Márcio Lacerda, que é do seu partido.
A lista com as reivindicações também foi passada ao presidente da
Comissão de Saúde, Carlos Mosconi (PSDB), que garantiu que vai
analisar e tomar as medidas que forem possíveis no âmbito
parlamentar.
Doença inibe vida social de seus portadores
Também participaram da reunião o médico
neurologista Lucas Henrique Maia Magalhães e a fisioterapeuta e
fonoaudióloga Luciana Ulhôa Guedes, que atuam voluntariamente no
Instituto Parkinsoniano de Minas Gerais, com sede em Timóteo (Vale
do Aço). Eles falaram das limitações provocadas pela doença, tanto
físicas quanto psicológicas, uma vez que o constrangimento provocado
pelo tremor das mãos e do corpo acaba inibindo o desejo do portador
de Parkinson de sair de casa.
O mal de Parkinson não tem cura nem prevenção. Foi
diagnosticado pela primeira vez em 1817 pelo médico inglês James
Parkinson e se caracteriza pela perda progressiva da capacidade de
movimento, causada pela morte acelerada de neurônios na parte do
cérebro responsável pela produção de dopamina. Porém, por meio de
remédios e atividade física é possível controlar a evolução da
doença, cujas complicações, como a disfagia (dificuldade de
deglutição), podem levar à morte.
A coordenadora de Atenção ao Idoso da Secretaria de
Estado de Saúde (SES), Eliana Bandeira, informou que já funcionam em
Minas dois centros de referência de atenção ao idoso: um em Montes
Claros (Norte de Minas) e outro em Juiz de fora (Zona da Mata),
dotados de equipes multidisciplinares preparadas para atender
portadores de doenças incapacitantes como Alzheimer, Parkinson e
osteoporose. Ela informou que qualquer pessoa pode obter orientações
gratuitas por telefone junto ao Centro de Referência ao Idoso, por
meio do número 0800 283-8583.
Os deputados saíram satisfeitos da reunião. Wander
Borges parabenizou as dezenas de parkinsonianos que participaram da
audiência e disse que o objetivo de abrir o debate sobre o tema foi
cumprido. Carlos Mosconi também listou pontos positivos do encontro,
como a notícia de que não há falta de remédios no Estado. Ele
destacou também a nobreza do trabalho voluntário desenvolvido pelo
médico e pela fisioterapeuta em Timóteo e a liderança de Gervásio
Fraga, ele próprio portador de mal de Parkinson desde os 29 anos de
idade. O deputado Doutor Ronaldo (PDT) também parabenizou o grupo e
frisou a necessidade de apoio e de políticas públicas para
beneficiar os idosos.
Presenças - Deputados
Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Doutor Rinaldo Valério (PSL),
Wander Borges (PSB) e Doutor Ronaldo (PDT).
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