Plano Decenal de Educação é aprovado em 1º turno pelo Plenário

O Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou em 1º turno, na noite desta terça-feira (6/4/10), o Proj...

07/04/2010 - 00:06
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Plano Decenal de Educação é aprovado em 1º turno pelo Plenário

O Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou em 1º turno, na noite desta terça-feira (6/4/10), o Projeto de Lei (PL) 2.215/08, do governador, que contém o Plano Estadual de Educação para os próximos dez anos, apresentando metas, diretrizes e ações estratégicas para a educação no Estado. Em 2009, o plano foi objeto de um fórum técnico promovido pela ALMG e por entidades e órgãos parceiros, inclusive com uma inédita consulta pública pela internet. O fórum foi solicitado pelo deputado Carlin Moura (PCdoB) e pela ex-deputada Elisa Costa (PT). Foi aprovada também, em 2º turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 14/07, do deputado Sargento Rodrigues (PDT) e outros, que estabelece que o cargo de delegado de polícia passa a integrar as carreiras jurídicas do Estado, como as de defensor público e procurador (leia abaixo).

O Plano Decenal de Educação de Minas Gerais está estruturado em 12 temas: educação infantil; educação fundamental; ensino médio; educação superior; educação de jovens e adultos; educação especial; educação tecnológica e formação profissional; educação indígena, educação do campo e quilombolas; formação e valorização dos profissionais da educação; financiamento e gestão; diálogos entre as redes de ensino e sua interação; e educação nos sistemas prisional e socioeducativo. Originalmente, o plano tinha 11 temas, mas, por sugestão dos participantes do fórum técnico, foi incluída a educação nos sistemas prisional e socioeducativo.

O texto aprovado em 1º turno retorna agora para a Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática para receber parecer de 2º turno, antes de seguir ao Plenário para nova votação.

Projeto passou por negociações em vários momentos

Durante a análise do plano decenal pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática, os deputados incorporaram outras sugestões do fórum técnico, apesar da crítica dos momentos sociais de que não foram ampliadas as receitas destinadas à educação. Diversos prazos e metas previstos pelo Executivo para o atendimento de demandas do setor foram revistos, em muitos casos atendendo a sugestões apresentadas no evento. A universalização do atendimento escolar das crianças e jovens indígenas e das comunidades remanescentes dos quilombos, em todos os níveis da educação básica, por exemplo, teve o prazo reduzido de dez para cinco anos.

Outras propostas apresentadas durante o fórum técnico foram integral ou parcialmente incorporadas pela Comissão de Educação. Entre elas, estão as que dizem respeito à formação e à valorização dos profissionais da educação básica: implementar, em parceria com os órgãos e entidades afins, políticas de saúde e de prevenção de doenças profissionais voltadas aos profissionais de educação; realizar periodicamente concursos públicos de provas e títulos, para provimento qualificado de cargos vagos na rede pública estadual, e orientar os municípios a adotar a mesma medida nas redes municipais; elaborar e implementar, em dois anos, em parceria com instituições de ensino superior e com os municípios, programas de formação em nível de pós-graduação lato sensu e stricto sensu voltados aos profissionais de educação básica.

Quanto à educação superior, a comissão incorporou, com adaptações, sugestões apresentadas durante o fórum técnico de 2009: iniciar, em um ano, a construção do campus da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) em Belo Horizonte; implementar, em dois anos, programa de qualificação para os profissionais da educação superior; e aprimorar mecanismos que confiram autonomia de gestão administrativa, financeira e pedagógica das universidades estaduais.

Na educação infantil, foram incorporadas sugestões como a universalização dos exames de acuidade visual e auditiva para os alunos e a provisão de alimentação escolar; no ensino fundamental, a provisão de alimentação escolar e a garantia de participação das escolas públicas em programas nacionais e estaduais de avaliação educacional; além da expansão da oferta de cursos de educação profissional nas escolas públicas que integram a Rede Mineira de Formação Profissional, de modo a não privilegiar apenas as instituições conveniadas.

Debate sobre as emendas - Ao analisar as 45 emendas apresentadas em Plenário, durante a discussão da matéria em 1º turno, a Comissão de Educação promoveu nova rodada de discussões, em março deste ano. A audiência contou com a participação de representantes das comissões de representação do fórum técnico, do seminário legislativo sobre o esporte e do ciclo de debates sobre alimentação escolar.

Como resultado desse novo processo de negociação, que envolveu movimentos sociais e parlamentares, outras alterações foram incorporadas ao plano. Entre elas, a menção à vinculação de nutricionistas à administração pública (subemenda nº 1 à emenda nº 6); o acompanhamento social em escolas estaduais de ensino fundamental (subemenda nº 1 à emenda nº 10); o aumento do número de aulas de educação física para os ensinos fundamental e médio (subemendas nºs 1 às emendas 39 e 42); e a ênfase na aquisição de produtos da agricultura familiar na alimentação escolar (subemenda nº 1 à emenda nº 12).

Piso salarial também foi abordado no plano

Um dos aspectos positivos do texto aprovado pelo Plenário foi destacado ainda quando o plano estava em debate na Comissão de Educação. O relator do projeto, deputado Ruy Muniz (DEM), que preside a comissão, e o deputado Carlin Moura consideraram um avanço a aplicação do piso nacional para os professores da educação básica. Muniz lembrou que essa era uma reivindicação antiga dos trabalhadores, cobrada durante o fórum técnico, e Moura ressaltou que o piso definido no projeto é baseado no vencimento básico e não na remuneração (vencimento mais vantagens). "Quando falamos em remuneração, estamos, na verdade, falando em teto e não em piso", enfatizou o parlamentar do PCdoB, ao defender o formato de texto elaborado pela comissão.

O piso salarial está contemplado na subemenda nº 1 à emenda nº 46, aprovada pelo Plenário. A emenda original é do deputado Carlin Moura. A subemenda assegura, "a partir do primeiro ano de vigência do Plano, que o vencimento inicial das carreiras dos profissionais do magistério público da educação básica corresponda, no mínimo, ao valor determinado na Lei Federal 11.738, de 2008, para o piso salarial profissional nacional, a ser atualizado anualmente conforme o valor por aluno referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano, definido nacionalmente, nos termos da Lei 11.494, de 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb)". Em 2010, o valor do piso nacional, determinado pela Advocacia-Geral da União, é de R$ 1.024,00, segundo informa a consultoria da Comissão de Educação.

Resultado da votação - O Plenário aprovou o projeto na forma do substitutivo nº 1, da Comissão de Educação, com as emendas nºs 38, 41, 43 e 44, na forma proposta; e as subemendas nº 1 às emendas nºs 5 a 8, 10, 12, 13, 16, 17, 25, 26, 29, 32, 34, 35, 39, 40, 42 e 46. Tanto o substitutivo quanto as subemendas foram apresentados pela Comissão de Educação. Foram rejeitadas as emendas nºs 4, 9, 11, 14, 15, 18 a 24, 28, 30, 31, 33, 36, 37 e 45; e prejudicadas as emendas nºs 1, 2, 3, 5 a 8, 10, 12, 13, 16, 17, 25 a 27, 29, 32, 34, 35, 39, 40, 42 e 46.

Sobre o fórum técnico - Com oito encontros em cidades-polo e precedido de um debate público, o Fórum Técnico Plano Decenal de Educação em MG: Desafios da Política Educacional foi realizado em parceria com mais de 30 entidades ligadas ao setor. Foram oito meses de preparação, com quase 200 instituições inscritas e cerca de 500 participantes na plenária final, realizada em maio de 2009, quando foram aprovadas 251 sugestões. Dos oito eventos regionais, quatro foram promovidos pela ALMG e quatro pelas entidades parceiras.

O PL 2.215/08 foi apresentado em cumprimento à Lei Federal 10.172, de 2001, que determina aos Estados, Distrito Federal e municípios a elaboração de planos decenais de educação, com base no Plano Nacional de Educação.

Oferta de tempo integral na escola, redução da evasão escolar e qualidade do ensino

Entre as metas listadas no plano decenal destacam-se: ampliar a jornada escolar até a oferta de tempo integral, no ensino fundamental; reduzir o abandono escolar e aumentar a taxa de conclusão no ensino médio, com a preparação para o trabalho por meio de cursos profissionalizantes; conectar laboratórios de informática à internet; e qualificar o profissional da educação infantil.

Em todo o plano, uma das metas que se repete é a que visa à melhoria do desempenho dos alunos, a fim de que a universalização da oferta seja acompanhada pela qualidade do ensino. Para a maioria dos níveis de educação, o governo planeja definir, em dois anos, os padrões de atendimento da educação, abrangendo os aspectos relacionados à infra-estrutura física, ao mobiliário e equipamento, aos recursos didáticos, ao número de alunos por turma, à gestão escolar e aos recursos humanos indispensáveis à oferta de uma educação de qualidade.

Outra ação estratégica prevê, também em dois anos, a definição das habilidades e competências a serem adquiridas pelos alunos, bem como as metas a serem alcançadas pelos professores, a cada ano escolar, de modo a garantir o progresso dos alunos. Há também a previsão de um sistema de premiação para os professores em função dos bons resultados. A implementação das metas dependerá de disponibilidade orçamentária e financeira. O projeto aprovado prevê ainda, entre outras determinações, que a universalização do atendimento escolar das crianças e jovens indígenas e das comunidades remanescentes dos quilombos, em todos os níveis da educação básica, terá prazo de cinco anos para ser implementado.

No tema da valorização profissional, o projeto prevê a premiação coletiva dos profissionais e das escolas, como ocorre hoje, e determina a participação dos profissionais da educação na definição das metas a serem cumpridas para efeito de premiação.

Sociedade poderá monitorar - Além disso, o plano passará por um processo de avaliação a cada dois anos, com a participação da sociedade civil, dos municípios e dos deputados. O texto aprovado pelo Plenário mantém ainda emenda ao projeto apresentada pela Comissão de Constituição e Justiça, que prevê a participação da Assembleia Legislativa e da sociedade nas avaliações periódicas do plano decenal. Outro ponto é que o Estado deverá divulgar o plano, possibilitando à sociedade o seu conhecimento e o acompanhamento de sua implementação.

Delegados - Por 54 votos a favor e nenhum contra, a PEC foi aprovada com a emenda nº 1, da comissão especial criada para analisar o projeto. A emenda faz apenas uma adequação ao texto, não interferindo no seu teor. Após a votação, diversos deputados fizeram uso da palavra para manifestar solidariedade aos delegados de polícia, que lotaram as galerias na Reunião Extraordinária. Utilizaram-se do microfone os deputados Délio Malheiros (PV), Dilzon Melo (PTB), Getúlio Neiva (PMDB), Padre João (PT), Domingos Sávio (PSDB), Carlos Pimenta (PDT), Hely Tarquínio (PV), Adalclever Lopes (PMDB), Wander Borges (PSB) e Sargento Rodrigues. A PEC 14/07 altera o parágrafo 140 da Constituição do Estado.

O Plenário aprovou também, em 1º turno, o PL 4.207/10, do deputado Mauri Torres (PSDB), que autoriza a doação de um imóvel à Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Durante a reunião, foi encerrada a discussão em 1º turno do PL 3.855/09, do governador, que altera a Lei 15.975, de 2006, que criou o Fundo Estadual de Cultura (FEC).

 

 

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