Participantes de ciclo defendem mudança de modelo prisional

A mudança do sistema penitenciário e a redução das desigualdades sociais são necessárias para se combater a criminali...

05/10/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Participantes de ciclo defendem mudança de modelo prisional

A mudança do sistema penitenciário e a redução das desigualdades sociais são necessárias para se combater a criminalidade no Brasil, segundo os participantes do Ciclo de Debates Alternativas à Privação da Liberdade, aberto na noite desta segunda-feira (5/10/2009), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O evento foi proposto pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT).

Na abertura do Ciclo de Debates, o deputado relatou sua experiência como relator da Comissão Especial de Execução das Penas e disse que são urgentes a discussão de novos paradigmas e a alteração do modelo penal vigente no Brasil. "Este modelo é insuficiente. Apesar dos avanços, ainda persistem a superlotação, a violência e a tortura nas prisões", afirmou Durval Ângelo. Segundo ele, a reincidência na criminalidade, da ordem de 80% dos que passam por prisões, é uma demonstração disso. O parlamentar disse ainda que o ordenamento penal no País é semelhante ao dos tempos do Império, ao punir sobretudo pessoas pobres e negras.

A desigualdade social foi abordada pelo 1º vice-presidente da ALMG, deputado Doutor Viana (DEM), que representou o presidente, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), e pelo secretário de Estado de Desenvolvimento Social, Agostinho Patrús Filho. Para Doutor Viana, a criminalidade está relacionada, em grande parte, às diferenças sociais e à falta de oportunidades. Ele também defendeu uma mudança do modelo penitenciário. "A aplicação de outras medidas pode se mostrar suficiente e, muitas vezes, mais eficaz que a privação de liberdade", disse o parlamentar.

"A desigualdade social é indutora da criminalidade", declarou Agostinho Patrús Filho. Ele mencionou o relatório sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado nesta segunda-feira pela Organização das Nações Unidas, e que coloca o Brasil entre os dez países com maior desigualdade no mundo. O secretário listou programas estaduais para combater o problema e disse que o Governo de Minas enfrenta a criminalidade sobretudo pela ótica da prevenção.

Crise da prisão - Na avaliação da coordenadora do Programa de Fomento às Penas e Medidas Alternativas do Ministério da Justiça, Márcia de Alencar de Araújo Matos, é necessário articular as ações dos gestores públicos e da sociedade civil no sentido de se superar o que ela classificou como "crise aguda da prisão no Brasil atual". A representante do Governo Federal mostrou-se, no entanto, otimista, ao comentar os resultados da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, realizada em agosto deste ano, em Brasília.

De acordo com ela, gestores e trabalhadores da área de segurança presentes à Conferência não apresentaram qualquer proposta relacionada a punições mais severas, como a pena de morte e a prisão perpétua, inexistentes no modelo penal brasileiro. Márcia acredita que a tendência é de construção democrática de soluções e estratégias para o problema carcerário no País.

A abertura do Ciclo de Debates teve ainda pronunciamento da representante da Defensoria Pública de Minas Gerais, Paula Regina Fonte Boa, que apontou a necessidade de investimento no órgão e fortalecimento de sua atuação no Estado. "A Defensoria Pública pode contribuir para a implementação de práticas alternativas", afirmou.

Também integraram a mesa do evento o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desembargador Sérgio Antônio de Resende, o subsecretário de Inovação e Logística do Sistema de Defesa Social do Estado, Cássio Soares, o conselheiro estadual de Defesa dos Direitos Humanos Emílcio José Lacerda Vilaça, e o professor da Universidade Federal do Paraná e do Instituto de Criminologia e Política Criminal Juarez Cirino dos Santos.

O Ciclo de Debates Alternativas à Privação da Liberdade prossegue na terça-feira (6), das 9 às 18 horas. A programação e demais informações estão disponíveis no site da ALMG (www.almg.gov.br). Entre as 15 entidades parceiras da Assembleia na promoção do evento estão as secretarias de Estado de Desenvolvimento Social, de Defesa Social e de Esportes e Juventude, o Tribunal de Justiça, o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, o Instituto Minas pela Paz e o Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade.

 

 

 

 

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