Comissão conhece realidade da segurança pública no Sul de
Minas
O Sul de Minas registra o menor índice de crimes
violentos do Estado. A informação foi dada nesta terça-feira
(22/9/09) aos deputados da Comissão de Segurança Pública da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais pelo comandante da 6ª Região
da Polícia Militar, coronel Márcio Martins Santana. Ele apresentou
números relativos à região em uma audiência pública realizada na
Câmara Municipal de Pouso Alegre. Foi a segunda de uma série de
reuniões que a comissão está fazendo pelo interior para conhecer a
realidade da segurança pública nas regiões do Estado.
Os dados trazidos pelo coronel informam que os
índices de criminalidade na região estão bem abaixo da média
mineira. O número de homicídios, por exemplo, foi de 147 no ano
passado, ou 0,064 por grupo de mil habitantes. Em Minas, esse índice
chega a 0,114. Até 31 de agosto deste ano, a taxa no Sul do Estado
caiu para 0,039. Foram 90 assassinatos.
Esse resultado, segundo o militar e o chefe do 6º
Departamento de Polícia Civil, Hafez Tadeu Sadi, se deve à
integração das duas corporações promovida pelo Governo do Estado,
que melhorou a articulação estratégica e permitiu o aumento da
capacidade de coordenação. Com isso, disse Sadi, as autoridades
policiais locais conseguiram controlar melhor os casos de homicídios
e o tráfico de drogas em áreas de risco.
Apesar do quadro positivo traçado pelas polícias
Civil e Militar, vereadores de várias cidades presentes à reunião
relataram casos de aumento do tráfico de drogas e até da presença de
integrantes do crime organizado de São Paulo. Eles pediram mais
atenção às ações de prevenção, voltadas principalmente aos mais
jovens que, por falta de opções de lazer e educação, acabam se
envolvendo com o mundo das drogas.
A cidade mais violenta da região, Santa Rita do
Sapucaí, apresenta índice de 2,33 assassinatos por grupo de mil
habitantes. Pouso Alegre, onde foi realizada a reunião, não está nem
entre as 30 cidades mais violentas do Sul de Minas. Para o prefeito
Agnaldo Perugine, isso se deve às políticas de inclusão social que o
município tem adotado nos últimos anos. "Violência urbana é
resultado das desigualdades sociais, e deve ser combatida com ações
de cidadania", disse ele. "Temos uma dívida social enorme, e o
caminho para pagá-la é longo", afirmou.
A promotora de Justiça Tereza Cristina Coutinho
defendeu que os condenados cumpram suas penas nas cidades onde moram
suas famílias. Essa medida, segundo ela, é eficaz na ressocialização
dos presos. Além disso, ela disse que a educação e a estruturação
das famílias devem ser os principais focos das ações de prevenção da
criminalidade.
Para o presidente da comissão, deputado João Leite
(PSDB), outras ações devem ser tomadas pelo Governo do Estado, como
o leilão dos bens dos traficantes. Ele disse que a integração das
polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária é importante
principalmente em regiões cortadas por rodovias federais.
A vice-presidente da comissão, deputada Maria
Tereza Lara (PT), acrescentou que é necessário investir na educação
e na profissionalização dos presos dentro das cadeias, de forma a
permitir sua ressocialização. "Hoje são jovens ociosos, sem qualquer
perspectiva", lamentou a deputada. Segundo ela, a questão da
segurança pública deve ser tratada conjuntamente pelas três esferas
de poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), com a participação
ativa da sociedade civil organizada.
Também presente à reunião, o deputado Dalmo Ribeiro
Silva (PSDB) considerou que o cidadão hoje não tem mais a saúde como
prioridade, e sim a segurança pública para si e sua família. Ao
destacar a importância da iniciativa da Comissão de Segurança
Pública de fazer um diagnóstico de cada região do Estado
separadamente por meio de audiências públicas, ele sugeriu que cada
Câmara Municipal faça o mesmo debate em suas cidades, na busca de
soluções para as questões locais.
Ruy Muniz (PSDB) parabenizou o município por
conseguir reduzir a criminalidade. Ele comparou os números
apresentados com os de Montes Claros (Norte de Minas), onde, segundo
o parlamentar, ocorrem oito assassinatos de jovens por mês, e quase
sempre a causa é o tráfico de drogas.
Presenças - Deputados João
Leite (PSDB), presidente; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Ruy Muniz
(DEM) e deputada Maria Tereza Lara (PT), vice-presidente.
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