Separação do Triângulo esquenta debate sobre ICMS na Assembléia

Os discursos de três deputados abriram o debate a respeito do ICMS Solidário, na tarde desta terça-feira (2/10/07), n...

02/10/2007 - 00:00
 

Separação do Triângulo esquenta debate sobre ICMS na Assembléia

Os discursos de três deputados abriram o debate a respeito do ICMS Solidário, na tarde desta terça-feira (2/10/07), no Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Diante de uma platéia exaltada, o deputado Zé Maia (PSDB) chegou a falar em independência do Triângulo Mineiro caso a proposta seja aprovada pela Assembléia. Já a deputada Ana Maria Resende (PSDB), que preside a Frente Parlamentar do ICMS Solidário, falou em defesa da proposta, enquanto o deputado Weliton Prado (PT) defendeu uma alternativa, a criação de um fundo capitalizado por créditos tributários do Estado. Toda a polêmica envolve o Projeto de Lei 637/07, do deputado Dinis Pinheiro (PSDB), que altera a Lei 13.803, de 2000, conhecida como Lei Robin Hood, que estabelece os critérios de distribuição dos recursos do ICMS devidos aos municípios mineiros.

O PL 637/07, batizado de ICMS Solidário, determina que o repasse do imposto aos municípios mineiros passe a ser feito de acordo com três critérios: econômicos, sociais solidários e de compensação solidária. Pela proposta original, 762 municípios vão ter aumento de repasse de ICMS, enquanto 91 perderão recursos. A idéia é redistribuir parte (4,68%) do imposto destinado aos municípios, beneficiando cidades que estejam em situação desfavorável em relação à média per capita de ICMS do Estado.

Primeiro deputado a se pronunciar à tarde, o deputado Zé Maia tem forte base eleitoral no Triângulo, região de Minas que mais é prejudicada pelo PL 637/07, por apresentar muitos municípios com altos índices de Valor Adicionado Fiscal (VAF), critério que perderá influência na distribuição do ICMS, segundo o proejto. Ele protestou contra o prejuízo: "Ou nos respeitam, ou o Triângulo será independente! Depois desse projeto, não tem volta. Será uma ruptura definitiva", discursou Zé Maia, aplaudido por representantes da região e vaiado pelos demais participantes do encontro.

Zé Maia argumentou que o Triângulo já tem que competir de forma desigual com São Paulo e Goiás na atração de investimentos, uma vez que não tem a riqueza de seu vizinho do sul e nem os incentivos fiscais oferecidos por Goiás. Ele disse ainda que o ganho para a maioria dos municípios beneficiados não vai além de R$ 10 mil por mês, enquanto o prejuízo para os que perdem é muito maior. "Se é para ajudar, vamos ajudar de verdade. Vamos escolher os 100 municípios que têm menor ICMS per capita e os outros 783 ajudam. Aí vamos dar não R$ 10 mil, que não faz diferença, mas R$ 100 mil para cada um", afirmou o parlamentar.

Deputada destaca diferença entre repasses aos municípios

A disparidade entre os repasses de ICMS aos municípios foi o principal argumento explorado pela deputada Ana Maria Resende (PSDB) para defender a proposta do ICMS Solidário. A deputada tem sua principal base eleitoral no Norte de Minas, onde todos os municípios são beneficiados pelo PL 637/07. Ela lembrou que há município que recebe R$ 2,88 de ICMS per capita, mensalmente, enquanto há outros que ganham R$ 200 ou R$ 222. "O que justifica isso? Se encontrarem algum argumento que justifique essa diferença, sou capaz de mudar minha posição", desafiou a deputada.

Ana Maria afirmou que o VAF é o critério mais injusto que existe, apesar de orientar a distribuição de 79,68% do ICMS repassado aos municípios. O índice mede a atividade econômica do município. "É injusto porque repassa recursos para quem já é rico, e não passa para quem é pobre", afirmou a parlamentar. Ela lembrou que propostas de alteração já tramitaram diversas vezes na Casa, e nunca prosperaram. Nesse sentido, agradeceu ao presidente da Assembléia, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), por ter colocado a proposta em discussão.

Ela ressaltou que o PL 637/07 é uma sugestão aberta ao debate e às alterações propostas por todos os participantes do evento. Elogiou o exemplo do prefeito de Poços de Caldas, Sebastião Navarro, e do deputado Carlos Mosconi (PSDB), que sugeriram uma modificação que beneficie as cidades-pólo, sobrecarregadas pela necessidade de atender pessoas de municípios vizinhos em serviços de educação e saúde.

Criação de um fundo é proposta como alternativa

Também com base eleitoral em Uberlândia, uma das cidades prejudicadas pelo PL 637/07, o deputado Weliton Prado propôs uma alternativa que resolvesse o impasse entre os municípios que perdem e os que ganham com o ICMS Solidário. Ele afirmou que deveria ser criado um "fundo de compensação" com recursos provenientes dos créditos tributários do governo do Estado, ou seja, dos recursos que Minas tem a receber e que estão inscritos em dívida ativa. "Poderia ser destinado 1% desses créditos para o fundo. Para o Estado não seria nada, mas para os municípios seria muito", argumentou.

O deputado petista disse que a proposta seria importante para evitar a briga entre os municípios mineiros, já que a união entre eles seria necessária para lutar por uma revisão do pacto federativo, a fim de corrigir a concentração de recursos nas mãos da União. Essa distorção, para o deputado, é agravada pelo fato de os municípios assumirem atribuições dos Estados e da União. "O Instituto Brasileiro de Administração dos Municípios (Ibam) estima que 10% do que as cidades gastam são atribuições de outros entes federados", afirmou.

Weliton reconheceu, no entanto, que há injustiças na distribuição de ICMS. Lembrou que Ribeirão das Neves recebe um repasse total que equivale a um dia dos recursos destinados a Betim. Por outro lado, ressaltou que Belo Horizonte ganharia R$ 1 milhão a mais com a aprovação do PL 637/07, apesar de ser a mais beneficiada por programas federais. "Um milhão não é nada para Belo Horizonte, mas é muito para Uberlândia", declarou.

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715