Municípios continuarão prejudicados com a reforma tributária

O presidente da Federação Mineira das Associações Microrregionais de Municípios (Femam), José Fernando Aparecido de O...

17/06/2003 - 16:30
 

Municípios continuarão prejudicados com a reforma tributária

O presidente da Federação Mineira das Associações Microrregionais de Municípios (Femam), José Fernando Aparecido de Oliveira, reconheceu, na manhã desta terça-feira (17/6/2003), que a proposta de reforma tributária atende a algumas das reivindicações dos prefeitos brasileiros, com as mudanças na cobrança do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e a vedação de benefícios fiscais via renúncia de receita do ICMS. Mas, na opinião dele, os municípios continuam prejudicados. "É preciso aumentar a participação dos municípios no bolo tributário", reclamou. Segundo ele, o que existe hoje é um engessamento do orçamento municipal, o que inviabiliza até investimentos em saúde e saneamento básico.

José Fernando Aparecido foi um dos palestrantes do Seminário Legislativo "Minas na Reforma Tributária". Ele fez uma análise da reforma sob a ótica dos municípios, listando pontos que já foram acordados com o governo federal e outros onde o consenso ainda não foi possível. Em documento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), os prefeitos também reivindicam o poder de legislar sobre o Imposto Territorial Rural (ITR) e sobre o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCD). "Temos condição instrumental e capacidade de arrecadar tributos tanto urbanos quanto rurais, isso não pode ser ignorado", afirmou.

Outras fontes de arrecadação - Os prefeitos também reivindicam uma reforma tributária que aumente a participação dos municípios na arrecadação do IPVA e possibilite a participação nas chamadas "contribuições sociais", cuja incidência vem sendo ampliada pela União nos últimos anos, como a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) e Cofins.

Pacto federativo também no momento de arrecadar tributos

O presidente do Sindicato dos Fiscais e Agentes Fiscais de Tributos de Minas Gerais (Sindifisco-MG), Antônio de Pádua Silva, também defendeu a causa municipalista. Segundo ele, o pacto federativo deve existir também no momento de arrecadar tributos, e não apenas na hora de prestar o serviço à população. "O atual sistema é imoral e não favorece o desenvolvimento da cidadania", disparou. Na opinião de Antônio de Pádua, o fato de pagar impostos de forma embutida nos produtos e serviços é nociva à sociedade. "O cidadão paga os impostos sem saber o que está pagando, e quando o governo faz uma obra, ele pensa que é um favor", afirmou.

Baseado na proposta de reforma tributária, o representante do Sindifisco diz não acreditar no compromisso do governo com a produção e o desenvolvimento do País. Na opinião dele, enquanto não se inverter radicalmente a forma de cobrança dos impostos, nada vai mudar. Ele informou que 66% dos tributos incidem sobre o consumo, penalizando a população de baixa renda. "Também votei no Lula, acredito na boa intenção dele. Por isso, acho que ele não pode apenas ficar remendando um sistema criado durante a ditadura militar", concluiu.

Virgílio garante que não haverá aumento da carga tributária

Na fase de debates do Seminário Legislativo "Minas na Reforma Tributária", ao responder questionamento do prefeito de Buritis, José Vicente Damasceno, o deputado federal Virgílio Guimarães (PT) disse que a recuperação do ICMS também irá beneficiar os municípios. Segundo ele, propostas práticas e concretas são sempre bem-vindas e ainda poderão ser anexadas ao seu parecer sobre a reforma tributária. "Estamos pensando na questão dos municípios, sim, mas não poderíamos fazer nada muito brusco, que desequilibrasse as finanças da União", lembrou.

Virgílio Guimarães afirmou que a reforma tributária deve ser politicamente viável e explicou que ela incide, principalmente, no tributo ao patrimônio de maneira progressiva. Segundo ele, essa medida contribuirá para a redução dos impostos indiretos. O deputado também citou pontos da reforma que serão essenciais para a redução da carga tributária, como a correção do ICMS e a unificação das alíquotas.

Respondendo a outros questionamentos, Virgílio Guimarães disse que a reforma ideal seria aquela que instituísse um imposto único, mas é preciso fazer a reforma possível, no momento, para caminhar em direção ao que seria o ideal. Ele ressaltou, ainda, a importância de se diminuir o custo jurídico do sistema tributário, o que é um dos focos da proposta de reforma em discussão no Congresso Nacional; além de se criar condições para melhorar o combate à sonegação, evitando-se a concorrência desleal, "que é um entrave para o desenvolvimento".

O deputado federal disse está disposto a acrescentar ao relatório da PEC 41/2003 as diretrizes sobre fixação das alíquotas, para garantir que não haja aumento na carga tributária após a reforma. Segundo ele, tudo o que foi proposto até agora está apenas no nível constitucional e nada foi dito sobre aumento de alíquotas.

TV Assembléia - O Seminário "Minas na Reforma Tributária" será retransmitido pela TV Assembléia nos dias 19 de junho, às 14 horas; 20 de junho, às 14 horas; e no dia 21 de junho, às 12 horas.

 

 

 

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