Secretário promete reavaliar situação da Uemg

A busca de alternativas para o ensino público superior, em parceira com estudantes e representantes do poder público,...

26/03/2003 - 17:51
 

Secretário promete reavaliar situação da Uemg

A busca de alternativas para o ensino público superior, em parceira com estudantes e representantes do poder público, está entre as prioridades da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia. Foi o que afirmou o deputado estadual Bilac Pinto (PFL), atual secretário da pasta, em reunião da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia, desta quarta-feira (26/03/2003), na Assembléia Legislativa. A comissão reuniu-se para debater os problemas enfrentados pela Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), a pedido da deputada Jô Moraes (PCdoB). Representantes da universidade, parlamentares e alunos discutiram a falta de infra-estrutura das escolas e a postura do governo em relação à questão.

O secretário Bilac Pinto assumiu compromisso com os alunos e deputados que apóiam a Uemg de lutar para que a universidade deixe de ser apenas um preceito constitucional e se torne realidade. Segundo ele, a incorporação do ensino superior à Secretaria é desejo do governador Aécio Neves, na tentativa de resgatar a credibilidade da educação em Minas Gerais. "Eu acredito que através do diálogo, da união e da co-responsabilidade dos governantes poderemos chegar a uma solução", afirmou.

Apesar do esforço, algumas escolas da Uemg continuam funcionando em instalações precárias e o curso de design ainda não iniciou o ano letivo, por falta de espaço físico. O reitor da Uemg, José Antônio dos Reis, reiterou seu empenho na busca de um local para a realização das aulas e garantiu que, apesar do atraso, não haverá prejuízo para os alunos, apenas a postergação da conclusão do curso.

Absorção das fundações pelo Estado causa polêmica - Há cerca de dois anos, o Ministério Público propôs uma ação civil pública para tratar da real implantação da Uemg, que ainda não foi julgada em 1ª instância. O promotor de defesa do patrimônio público, Rodrigo Cançado Anaya Rojas, disse que a eleição do reitor da Uemg, o credenciamento de fundações de direito privado como Centros Universitários e a absorção das fundações pelo Estado são os três objetos da ação civil proposta por ele, que ainda não mereceram a devida atenção.

O ex-reitor da Uemg, Aluízio Pimenta, chamou a atenção para a inconstitucionalidade da incorporação de 16 instituições privadas ao Estado. "Isso contribui para o 'comércio' do ensino superior privado, enquanto várias outras instituições não recebem o auxílio necessário do governo", disse. Aluízio Pimenta mostrou indignação ao lembrar de um projeto de lei que tramitou na Assembléia, em 1998, que garantia a doação, por parte do governo do Estado, de patrimônios que poderiam ser utilizados para a viabilização da construção do campus da Uemg em Belo Horizonte, Diamantina e Campanha. "Com a transição para o governo Itamar, o projeto foi arquivado e o dinheiro da venda dos patrimônios usado para pagamento de dívidas do Estado", reclamou o ex-reitor.

Estudantes culpam governantes pelos problemas - A presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE/Uemg), Ana Mafra Figueiredo, acusou os governantes de não cumprirem com sua função de atender aos anseios do povo. "Me espanta a falta de reconhecimento da sociedade e do governo do capital intelectual que temos concentrado na Uemg e da necessidade da sua absorção pelo Estado", disse. "Durante o ano passado, houve muitas discussões sobre a situação da universidade e algumas ações propostas, mas, infelizmente, muito pouco foi empreendido", afirmou o presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE/MG), Ramon Fonseca. De acordo com ele, a principal medida a ser tomada deve ser garantir o repasse dos 2% do orçamento do Estado destinado à Uemg, de acordo com a lei 13.688, sancionada em 2000.

Em resposta aos questionamentos dos representantes, o secretário Bilac Pinto manteve o compromisso de analisar novas propostas de arrecadação de recursos para financiar o ensino público no estado, além de reavaliar a questão da incorporação de escolas privadas pelo Estado. Segundo ele, o empenho dos deputados e a representatividade dos estudantes confirmam a importância do trabalho de parceria que deve ser feito.

Debatedores apontam caminhos para reestruturação da Uemg - A união de esforços entre os três poderes, os estudantes e o corpo docente da Uemg foi defendida pelos deputados Domingos Sávio (PSDB), André Quintão (PT) e Jô Moraes (PC do B) para enfrentar os problemas da Universidade. Além disso, os deputados também apresentaram propostas para que as ações estratégicas sejam implementadas efetivamente. O deputado Domingos Sávio declarou que existe a intenção dos parlamentares de criarem uma Comissão Especial na Assembléia para discutir o caso da Uemg. Já o deputado André Quintão apontou o plano Plurianual, que será analisado pela Casa este ano, como caminho. Segundo ele, o plano deverá priorizar os setores mais necessitados e refletir os anseios pertinentes à reestruturação da Universidade. Uma revisão no destino das verbas do Orçamento do Estado foi a opção apresentada pela deputada Jô Moraes, que defendeu a elaboração de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pelo governador para determinar a liberação de 2% dos recursos do Estado para a Uemg.

A maior participação dos professores nas discussões sobre a Uemg foi proposta pela representante do corpo docente, Mônica Fisher. A educadora também sugeriu que o espaço da Expominas, na Gameleira, seja utilizado para a construção do Campus da Universidade em Belo Horizonte. O deputado Adalclever Lopes convidou a professora para, em oportunidade a ser definida, fazer uma explanação histórica sobre o problema da educação em Minas para todos os membros da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia.

A representante dos estudantes da Uemg, Michele Matos, solicitou ao secretário de Estado da Ciência e Tecnologia, Bilac Pinto, que o governo realize novo concurso público para o cargo de professores, em vista de o último ter ocorrido em 1991. Os professores concursados ministrariam aulas no novo campus da Universidade. A estudante propôs também que seja realizado um Fórum de Debates com a participação dos parlamentares, dos professores e estudantes da Uemg, para que um documento com propostas concretas seja elaborado.

Presenças - participaram da reunião os deputados Adalclever Lopes (PMDB), Ana Maria (PSDB), Dalmo Ribeiro Silva (PPB), Leonídio Bouças (PTB), Weliton Prado (PT), Maria Tereza Lara (PT), Jô Morais (PC do B), Paulo Piau (PFL), Marília Campos (PT), Maria José Haueisen (PT), André Quintão (PT), José Henrique (PMDB), Domingos Sávio (PSDB) e Elmiro Nascimento (PFL).

 

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