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TEMA EM FOCO

Relevância de empresas juniores para estudantes e sociedade é destacada

Federação das Empresas Juniores do Estado de Minas Gerais é a maior do mundo, presente nas 45 instituições de ensino superior do Estado. Comissão também aprovou relatório final do Tema em Foco.

11/12/2024 - 15:50
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A relevância das empresas juniores como agentes transformadores da vivência universitária dos estudantes de ensino superior foi objeto de audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta quarta-feira (11/12/24).

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“Nesse universo de mais de 40 instituições de ensino superior em Minas Gerais com empresas juniores cadastradas, que têm mais de 4 mil projetos e um faturamento de quase 10 milhões, eu acho que está mais do que explicada a importância desse encontro”, disse a deputada Lohanna (PV), autora do requerimento pela audiência, ao abrir a discussão.

A parlamentar lembrou que ela mesma é uma “pós-júnior”, nome dado a ex-universitários que participaram de empresas juniores durante a graduação. Ela recordou os desafios para regularização e gestão da Beta Tech Junior, empresa júnior de farmácia e bioquímica da qual fazia parte, vinculada à Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), no Campus Dona Lindu, em Divinópolis (Centro-Oeste).

Durante a reunião, foram destacados os impactos positivos dessas associações. “A empresa júnior nos proporciona vivenciar de forma muito prática o que aprendemos em sala de aula”, explicou a vice-presidente de Negócios da Brasil Júnior, Maria Clara Guimarães Sena.

Para ela, a participação nesses espaços é capaz de transformar a vida de seus associados, tornando-os pessoas capazes de liderar mudanças na sociedade. “Temos hoje pós-juniores trazendo muito impacto em instituições de ensino, na área pública, na política. Quem participa da empresa júnior sai da universidade com skills de comportamento essenciais para o mercado”, afirmou.

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Minas é destaque mundial

Maria Clara apresentou um histórico do Movimento Empresa Júnior (MEJ) durante sua fala. A primeira empresa júnior do mundo surgiu em 1967, na França, pelas mãos de jovens universitários que reivindicavam melhores condições de trabalho. Em 1988, foi fundada a primeira associação do tipo no Brasil.

Hoje, o Brasil é o País com maior número de empresas juniores do mundo, com 1.455 unidades espalhadas por todas as federações. A pioneira França ocupa o segundo lugar, com um número muito inferior, de apenas 140. 

A Federação das Empresas Juniores do Estado de Minas Gerais (Fejemg) foi a segunda federação de empresas juniores a ser criada no País e hoje é a maior do mundo, presente em todas as 45 instituições de ensino superior do Estado.

O seu presidente, Breno Souza Xavier, explicou que ela nasceu em 1995 na Universidade Federal de Lavras (UFLA). “Imagina naquela época, você chegar nos seus professores e dizer que, com seus 18, 19 anos, quer abrir uma empresa. Isso parecia uma loucura”, relembrou.

A Fejemg reúne atualmente 282 empresas juniores mineiras, com a participação de mais de 6 mil empresários jovens, estudantes de 468 cursos de graduação diferentes. Para Bruno, essa diversidade é um dos elementos para o sucesso do MEJ em Minas Gerais. “Isso nos mostra que não importa o curso que você faça, a área de onde você venha, é possível sonhar e empreender”, afirmou.

Casos de sucesso

Dois exemplos de sucesso empreendidos por empresas juniores mineiras foram apresentados durante a audiência. O primeiro foi trazido por Simão Pedro Brinati Martins, diretor-presidente da Ômega Júnior, empresa de estudantes dos cursos de Engenharia Mecânica e de Produção da UFSJ.

Fundada em 2005, a Ômega Júnior possui mais de 150 projetos realizados, com mais de 100 clientes. Na reunião, foi destacado o trabalho de consultoria desenvolvido com a Cordeiro Energia, de Curvelo (Central), que resultou na redução de retrabalhos e erros operacionais, melhor comunicação e alinhamento entre os setores, além de melhor aproveitamento da gestão por parte dos CEOs da empresa.

Já Pedro Alonso Araújo Silva, presidente da empresa Consultoria e Projetos Elétricos Júnior, vinculada à Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apresentou o projeto Violão Mágico, que adaptou o instrumento eletronicamente para ser utilizado por pessoas com comorbidade em algum dos membros superiores. “O violão tem motores que tocam as cordas e a pessoa faz apenas as notas no braço do instrumento”, explicou.

Foram mais de 30 pessoas e 6 gestões da empresa júnior envolvidas no desenvolvimento do Violão Mágico. Além do impacto social do projeto, os participantes conseguiram desenvolver suas habilidades em eletrônica, solda, design e também se formaram como lideranças.

Instituições de ensino devem incentivar empreendedorismo

Para Daniel Hasan Dalip, coordenador de Inovação e Empreendedorismo do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet/MG), o incentivo ao empreendedorismo nas instituições de ensino é uma forma de transferir inovação tecnológica para a sociedade.

A fala foi corroborada por Henrique Resende Martins, vice-diretor da Escola de Engenharia da UFMG. Para ele, o MEJ é um projeto de conexão da academia com as demandas sociais.

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A deputada Lohanna também defendeu que a cultura do empreendedorismo seja objeto de maiores incentivos por parte do poder público e das universidades.

“Eu vejo com desconfiança o empreendedorismo precarizado. Com o MEJ, a gente está falando de um empreendedorismo que transforma, que garante salários dignos, que pensa em soluções ambientalmente responsáveis”, disse.

Regularização e burocracia são desafios

Lorena Caroline Franca Santos, presidente do Núcleo Vertentes da Fejemg, afirmou que um dos maiores desafios para as empresas juniores está na regularização das associações e obtenção do CNPJ.

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Para ela, a burocracia e os valores dos serviços cartoriais desmotivam as pessoas a continuarem na gestão das empresas. Segundo informou, o registro de ata custa cerca de R$ 1mil, enquanto a abertura do processo de CNPJ, quase R$ 3 mil.

Ela também agradeceu a deputada Lohanna pela disponibilização de uma emenda parlamentar para a Fejemg no próximo ano. 

Relatório final do Tema em Foco é aprovado

Na mesma reunião, a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia aprovou o relatório final do Tema em Foco, no âmbito do Assembleia Fiscaliza 2023/2024. Por meio dessa iniciativa, a comissão realiza acompanhamento intensivo das políticas públicas desenvolvidas no Estado, obtendo um quadro mais detalhado da prestação dos serviços.

O tema escolhido este ano pela comissão foi a promoção de uma cultura de paz, proteção e segurança nas escolas. O parecer de aprovação do relatório foi lido pela relatora e presidenta da comissão, deputada Beatriz Cerqueira (PT).

Durante o ano, a comissão fiscalizou o cumprimento da legislação e a implementação das políticas públicas relacionadas à prevenção dos atos de violência no ambiente escolar, com foco na execução orçamentária dos programas e ações relacionados à promoção da segurança das escolas da rede estadual de ensino e na avaliação da infraestrutura dos prédios escolares, no acompanhamento das ações pedagógicas para promoção da cultura de paz e das articulações interinstitucionais.

Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia - debate sobre empresas juniores
“A academia brasileira se destaca muito na produção acadêmica, científica, mas são muitos os casos em que o que está sendo pesquisado está muito deslocado das reais necessidades da sociedade.”
Henrique Resende Martins
Vice-diretor da Escola de Engenharia da UFMG
“Neste ano de 2024, a Fejemg perdeu 10% da sua rede. A gente tinha cerca de 301 empresas juniores e 30 foram desfederadas, por não conseguirem ter seus documentos regularizados.”
Lorena Caroline Franca Santos
Presidente do Núcleo Vertentes da Fejemg
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