Jazz e a democracia: o que eles têm em comum
Oficina direcionada a jovens usa o jazz como metáfora para explicar os processos democráticos.
09/06/2017 - 17:27 - Atualizado em 09/06/2017 - 19:23A participação de todos é fundamental, mas o coletivo precisa ser mais importante do que os egos individuais. A improvisação é bem-vinda, mas a liberdade de cada um tem que estar em equilíbrio com o que é o melhor para o grupo. Essas duas premissas valem tanto para o jazz quanto para a democracia – e é a partir dessa metáfora que o educador americano Wesley J. Watkins fala de processos democráticos e musicais ao redor do mundo.
Na tarde desta sexta-feira (9/6/17), ele esteve na Escola do Legislativo com 60 adolescentes que participam do Parlamento Jovem de Minas 2017 (PJ Minas) e adolescentes trabalhadores do Núcleo Vida da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O trabalho é resultado de uma parceria da ALMG com a Embaixada dos Estados Unidos. Fundador da ONG Jazz and Democracy (J&D), Watkins diz que se apaixonou pelo jazz durante a faculdade e começou a usar o ritmo musical em suas aulas quando era professor de história americana.
Foi a partir daí que surgiu a metodologia que hoje Watkins usa para discutir democracia com jovens de vários países do mundo. Em uma dinâmica na qual utiliza bastões musicais para criar sinfonias, ele conduziu os participantes a conclusões que valeriam para o gênero musical e o regime de governo.
“Uma das questões fundamentais é entender que o processo não funciona sem cada um dos participantes”, explicou Watkins. “A questão em nossa democracia é quem são os participantes, quem faz parte do processo”, completou.
Os jovens presentes entenderam a mensagem. "Temos um grêmio na escola, mas muitas vezes a direção toma decisões importantes sem nos comunicar. A gente precisa melhorar isso", refletiu Ana Carolina Otoni, de 16 anos, a partir das discussões feitas durante a oficina.
"A música é uma forma de se expressar e de influenciar sem o uso da força física. A política também tem que ser assim", observou Vanessa Aparecida Pereira, de 19 anos.
Metáfora - O evento contou também com a presença ilustre de músicos locais: Toninho Horta e Guilherme Peluci. Eles tocaram, improvisaram e participaram da criação da metáfora que compara o jazz à democracia.
“Jazz é sobre liberdade e coletividade; democracia também. Essa é a mensagem”, disse Toninho Horta. Ele elogiou a abordagem e disse que foi importante tratar também de temas como treino e trabalho – que tanto a música e a política exigem.
Outras parcerias entre a Escola do Legislativo e a Embaixada dos Estados Unidos podem ocorrer em breve, segundo Marta Parker, servidora da ALMG e uma das coordenadoras do PJ Minas, como palestras e intercâmbios.