Foram discutidas medidas para reduzir a criminalidade na região, que ameaça alunos, profissionais e moradores
O major Lucas Pinheiro prometeu atuação em conjunto com outras instituições e a comunidade

Faculdades de BH se unem para pedir segurança

Casos de crimes no entorno das instituições de ensino incluem até sequestros relâmpagos.

07/06/2016 - 21:45

Arrombamentos de carros, assaltos, assédio sexual e até sequestros-relâmpago foram relatados, na noite desta terça-feira (7/6/16), por representantes e alunos de diversas instituições de ensino superior da Capital que se reuniram com a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A reunião foi realizada por solicitação das instituições ao deputado Sargento Rodrigues (PDT), para discutir medidas que reduzam a criminalidade em seu entorno, que vem ameaçando alunos, profissionais e moradores.

A audiência pública foi realizada na Universidade Fumec, no bairro Cruzeiro, mas também contou com a participação de representantes da Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg), do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH) e Instituto Izabela Hendrix, entre outros. Todos relataram casos de violência e solicitaram, em especial, melhorias na iluminação pública, poda de árvores e instalação de câmeras públicas de vigilância (Sistema Olho Vivo, da Prefeitura de Belo Horizonte) no entorno.

Um dos depoimentos mais incisivos foi o do coordenador de segurança do Cefet, Luiz Cláudio Biagini, que relatou até mesmo um caso de sequestro relâmpago a um professor, ocorrido no início de 2015. O problema aconteceu na Rua Alpes, que fica atrás de uma das unidades do centro universitário, no bairro Nova Suíça, onde estudantes e funcionários estacionam seus veículos. “Não passa uma semana sem que aconteça ali um arrombamento ou um assalto”, afirmou.

Vários estudantes da Fumec também reivindicaram um policiamento ostensivo mais presente, especialmente no horário de saída das aulas noturnas, que acabam por volta de 22h40. Essa cobrança foi endossada pelos deputados da comissão, que aprovaram um requerimento para que a Polícia Militar reforce o policiamento não só no entorno da Fumec, mas de todas as faculdades da Capital. “Sugerimos patrulhas especialmente nos horários de chegada e saída dos alunos”, afirmou o deputado André Quintão (PT).

Outra forte cobrança dos parlamentares foi dirigida à Prefeitura de Belo Horizonte, que não enviou representante à audiência. Outro requerimento aprovado foi para que a prefeitura tome providências relativas à poda de árvores e à iluminação pública nas áreas. “A prefeitura não veio e, se a gente não gritar mais alto, eles não virão”, afirmou o deputado João Leite (PSDB), que sugeriu a realização de nova reunião para ouvir o Executivo municipal.

O presidente da Comissão de Segurança, deputado Sargento Rodrigues, também criticou a ausência da prefeitura. “Os prefeitos têm que entender que também precisam colaborar com a segurança pública”, afirmou. Ele ainda ressaltou o perigo representado pelos chamados “flanelinhas”, guardadores de carro que atuam nas imediações das faculdades, extorquindo especialmente mulheres. “A extorsão acontece à luz do dia e, recentemente, tivemos o caso de um flanelinha, com colete da prefeitura, que agrediu uma mulher. Ela teve que levar alguns pontos”, relatou o deputado.

Atuação conjunta é apontada como solução para a criminalidade

Uma das propostas mais defendidas é uma aproximação das diversas instituições de ensino, com os estudantes e os órgãos públicos, para criar um plano comum de prevenção e enfrentamento ao crime. “Precisamos nos unir. Não podemos discutir segurança pública de forma isolada”, argumentou o professor Fernando Coelho, que representou a Fumec no encontro. Ele ressaltou que a própria legislação impede as faculdades de exercerem segurança privada em áreas públicas, externas às instituições, tornando indispensável a ação do poder público.

A atuação em rede, ou seja, em conjunto com outras faculdades e a comunidade, foi a principal solução prometida pelos representantes da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). O major PM Lucas Pinheiro, subcomandante do 22º Batalhão de Polícia Militar, que atua na Região Centro-Sul, disse que um projeto de atuação em rede foi implantado no bairro Cruzeiro, onde está a Fumec, há pouco mais de um mês.

Os novos procedimentos, segundo Pinheiro, incluem uma troca de informações com a equipe de segurança da Fumec, representações estudantis e moradores, que ajudam na identificação de criminosos e situações de risco. Esse trabalho utiliza até mesmo informações coletadas por grupos de estudantes que se comunicam por meio do aplicativo WhatsApp. Segundo ele, o policiamento ostensivo também foi intensificado, resultando em uma redução do número de roubos de 44% no bairro do Cruzeiro, na primeira quinzena de maio, em relação ao mesmo período de 2015.

Com relação à instalação das câmeras de vigilância do Sistema Olho Vivo, que contam com o monitoramento da Polícia Militar, o major afirmou que 53 novos pontos de vigilância estão para ser instalados na Região Centro-Sul, onde atua o 22º Batalhão de Polícia Militar. Ele não soube dizer, no entanto, se o entorno das faculdades está incluído nessa lista, nem o prazo para que os novos aparelhos entrem em funcionamento, uma vez que isso depende de investimentos municipais.

O delegado titular da 3ª Delegacia de Polícia Regional Sul, Samuel Nery, relatou algumas ações ocorridas no bairro Cruzeiro, como a que identificou uma rede de assaltantes que revendiam celulares roubados na região para mercados populares no Centro da Capital. Sobre os flanelinhas, ele informou que a polícia começou a fazer um cadastramento de todos os que atuam no entorno da Fumec, a fim de desestimular seu envolvimento com o crime. “Se a pessoa está identificada, ela tende a não cometer crime”, afirmou Nery.

A iniciativa da Polícia Civil foi elogiada pelo deputado Sargento Rodrigues, que anunciou a intenção de se aprovar um projeto de lei na Assembleia Legislativa para tornar esse cadastro obrigatório. “Já verificamos que não há nenhum óbice para a criação desse cadastro”, afirmou o deputado.

Consulte o resultado da reunião.