Comissão discute denúncia contra delegada da Polícia Civil
Ela teria liberado dois suspeitos presos em flagrantes, que teriam sido novamente presos no dia seguinte.
16/12/2015 - 14:00Uma denúncia contra a delegada da Polícia Civil Cleide de Oliveira Fiorillo, da 27ª Delegacia de Jequeri (Zona da Mata), foi tema de audiência pública na manhã desta quarta-feira (16/12/15). A reunião foi realizada pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Os policiais militares envolvidos no caso foram ouvidos, mas outra audiência foi marcada para o dia 16 de fevereiro de 2016 para que a delegada possa se pronunciar. Ela foi convocada para a reunião, mas não compareceu e pediu maior prazo para se deslocar até a ALMG.
De acordo com o sargento Luciano Rodrigues, da 21ª Cia Independente da Polícia Militar, ele e o cabo Gilmar Santos Silva estavam em serviço quando receberam a denúncia de que dois homens estavam em atitude suspeita em um posto de gasolina de São Pedro dos Ferros (Zona da Mata). Ao chegarem ao local, os dois homens teriam fugido em uma moto. “O homem da garupa se virou com um objeto semelhante a uma arma de fogo e, para defender a minha integridade física e a do cabo Gilmar, fiz dois disparos. Eles continuaram fugindo e não foi possível saber se tinham sido atingidos”, disse.
Um pouco mais adiante, eles teriam conseguido render os dois suspeitos, quando perceberam que um deles havia sido atingido no joelho. Os suspeitos teriam sido levados ao hospital e, quando liberados, conduzidos à delegacia de Rio Casca (Zona da Mata). Nesse momento, o sargento Luciano já estaria detido no quartel para sindicância a respeito da lesão corporal causada em um dos suspeitos, que estariam portando uma arma com número de série raspada e um pouco de maconha. Acompanhados de outra equipe da Polícia Militar, os dois suspeitos teriam sido ouvidos pela escrivã da Polícia Civil, já que a delegada Cleide não estaria presente. Por telefone, ela teria ordenado a soltura.
No dia seguinte, porém, os mesmos dois suspeitos teriam sido novamente detidos em um carro roubado. Novamente conduzidos à delegacia, os dois teriam sido novamente liberados, por telefone, pela delegada. O cabo Gilmar, presente nos acontecimentos, e o Major Luiz Faustino Marinho Júnior, comandante da Companhia, ratificaram o relato do sargento Luciano. “Ele agiu no cumprimento do seu dever legal”, afirmou o major.
O deputado Sargento Rodrigues (PDT), autor do requerimento que deu origem à reunião, afirmou que a delegada Cleide de Oliveira teria praticado, no mínimo, crime de prevaricação, ao não cumprir os deveres da sua função, que exigiriam a presença dela para antes da soltura. “Ficou muito claro. Não se pode liberar um indivíduo com arma com número de série raspada, o que é crime inafiançável, que estava prestes a praticar um crime. A responsabilidade da delegada precisa ser apurada”, disse. O parlamentar citou, ainda, outras denúncias já feitas pelo Ministério Público contra a delegada.
Entidades de classe - Também estiveram presentes representantes de entidades de classe. O sargento Marco Antonio Bahia, presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais, lamentou que outras instituições não deem continuidade ao trabalho dos militares. “Estamos enfrentando uma verdadeira guerra no Brasil e, nela, muitos policiais militares têm morrido. Se a Polícia Civil e outros atores não entrarem na guerra conosco, essas mortes de policiais podem aumentar”, disse.
Polícia Civil - O deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB), assim como o deputado Sargento Rodrigues, defendeu a instituição da Polícia Civil e disse que a maioria dos membros são bons servidores públicos. “Mas, no meio de muita gente boa, também têm algumas 'maçãs podres'. Nesse caso específico, fiquei estarrecido com a decisão dessa delegada”, disse.
Já o deputado Leonídio Bouças (PMDB) disse que são vários os episódios de desmandos na Polícia Civil. "Fico muito preocupado quando escuto das pessoas que aumenta o números de políciais que agem à margem da lei. O povo brasileiro está carente de respostas rápidas na área de segurança pública", disse.