Participaram da reunião representantes dos Governos do Estado, Federal e municipal, que explicaram o projeto de reforma da escola e as dificuldades de sua execução
Fátima de Souza lembrou que a escola funciona no prédio em reforma desde 1925
Flávio Menicucci disse que a decisão de transferir os alunos foi técnica

População de Sabará cobra início de obras em escola

Apesar de projeto ter se iniciado em 2012, até hoje reforma de prédio tombado como patrimônio histórico não começou.

24/08/2015 - 17:43

Cidadãos de Sabará (Região Metropolitana de Belo Horizonte) lotaram o Auditório da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para cobrar o início das obras de restauração da Escola Estadual Paula Rocha, no Centro Histórico do município. Eles participaram, nesta segunda-feira (24/8/15), de audiência pública das Comissões de Assuntos Municipais e Regionalização e de Educação, Ciência e Tecnologia.

Em nome do poder público, participaram da reunião, solicitada pelo deputado Wander Borges (PSB), representantes dos Governos do Estado, Federal e municipal. Eles explicaram a tramitação do projeto de reforma da escola e as dificuldades de sua execução, devido ao detalhamento exigido quando se trata de um imóvel tombado pelo patrimônio histórico.

A diretora da escola, Fátima Regina de Souza, resumiu os problemas enfrentados pelos alunos desde que foi iniciado o projeto de reforma. Segundo ela, desde 2012, quando foi iniciado o projeto, o estabelecimento encontra-se do mesmo jeito, sem nenhuma obra. Em 2013, os alunos, divididos em 25 turmas, foram todos transferidos para outras duas escolas de Sabará, que não oferecem condições adequadas para os estudantes e professores.

“Estamos com o mínimo: não temos instalações adequadas para o setor administrativo e muito menos para os alunos. Para estes, existem apenas as salas de aula. Eles não têm acesso a biblioteca, laboratório de informática, quadra para fazerem educação física”, criticou. Fátima de Souza lembrou que a escola de ensino fundamental funciona há 108 anos (no prédio em reforma, desde 1925). “Nada mais justo do que recebermos uma atenção mais carinhosa, num tempo mais aprazível. Não é um prédio tão deteriorado que vá consumir tanto tempo e uma verba muito grande”, avaliou.

O vereador de Sabará Lucas Silva expressou medo de que seja dada outra destinação ao estabelecimento, uma vez que ele se situa na Praça Melo Viana, fazendo parte do acervo histórico e artístico da cidade. Por outro lado, lembrou que a secretária de Estado de Educação, Macaé Evaristo, garantiu-lhe que a escola não será desativada.

E queixou-se da burocracia para que as obras sejam iniciadas. “Já se passaram 2 anos e 7 meses. E ora a documentação está no Departamento de Obras Públicas (Deop), ora na Prefeitura, ora no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Queremos um encaminhamento para que se iniciem as obras”, cobrou.

Burocracia - O deputado Wander Borges detalhou toda a tramitação do projeto de restauro e ampliação previsto para a escola. Listou uma série de ofícios trocados entre a Secretaria de Estado de Educação, o Departamento de Obras Públicas do Estado de Minas Gerais (Deop), Prefeitura de Sabará e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A Escola Estadual Paula Rocha é sediada num prédio de arquitetura neoclássica que faz parte do centro histórico de Sabará e foi tombado pelo Iphan em 1938. O deputado Wander Borges explicou que em 2012 a escola foi interditada em função da deterioração do prédio, que estava com goteiras, paredes deterioradas, assoalho solto e forro do teto com cupins e pombos.

Ainda segundo o parlamentar, a Secretaria de Educação avaliou a reforma em R$ 4 milhões, a ser executava num prazo de cerca de um ano e meio. Ele lamentou que, até o presente momento, o projeto não vem caminhando como deveria, provocando dificuldades para os professores e alunos da escola.

Órgãos públicos explicam detalhes do projeto

Respondendo aos representantes de Sabará, Flávio Menicucci, diretor-geral do Deop, ressaltou para a diretora da escola que a decisão de transferir os alunos foi técnica. “Havia risco de colapso do telhado; então, não poderíamos manter as crianças lá. O telhado dobra de peso quando recebe chuva”, informou.

Parte do atraso no processo foi justificada por ele como sendo decorrente da própria demora na aprovação do Orçamento do Estado, o que limitava os gastos ao custeio da máquina pública. “De tudo o que foi dito aqui, resta-nos como representantes do governo fazer a obra o mais rápido possível”, acenou ele, recebendo aplausos dos presentes.

Prioridade a hospitais e escolas - Menicucci também lembrou que o fato de o prédio ser tombado acaba impondo maior rigor e detalhamento ao projeto. Por outro lado, disse que a prioridade passada a ele pelo governador é a de priorizar obras em hospitais e escolas. “Várias escolas em Belo Horizonte já tiveram obras retomadas, como o Estadual Central, o Pandiá Calógeras. Então, assim que o projeto da Escola Paula Rocha estiver aprovado, faremos a licitação ainda neste ano, se possível”.

Em nome do Iphan, Sérgio Fagundes afirmou que o órgão fez vistoria ao imóvel da escola em junho e que quase um mês depois, a Prefeitura de Sabará lhe encaminhou o projeto. “O Iphan pediu algumas correções e o parecer técnico já foi emitido, mas ainda não homologado”, completou. Apesar da demora, ela avaliou que no caso do Iphan, a tramitação foi muito rápida.

No entanto, Fagundes reconheceu que faltou diálogo prévio entre as partes envolvidas para verificar os detalhes, de modo que o projeto chegasse ao Iphan sem necessidade de correções.

Já Alex Rodrigues, secretário de Obras de Sabará, apenas disse que a Prefeitura está aguardando o projeto do Iphan para dar continuidade ao processo.

Força-tarefa - O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) sugeriu a criação de uma força tarefa unindo todos os órgãos envolvidos, o que traria agilidade ao processo. Já o deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB) também defendeu a luta pela melhoria das escolas. Ele aproveitou para levar ao dirigente do Deop, Flávio Menicucci, a reivindicação de reforma da Escola Estadual Iolanda Vaz, em Arcos (Centro-Oeste de Minas), também patrimônio histórico.

Consulte o resultado da reunião.