Apesar de dados da Polícia apontarem queda na criminalidade, moradores de Taiobeiras ainda se sentem inseguros

Taiobeiras pede mais segurança pública

Em reunião na cidade do Norte de Minas, deputados e autoridades discutiram a criminalidade local.

04/05/2012 - 14:02

Dados estatísticos das polícias Militar e Civil de Taiobeiras (Norte de Minas) dão conta de que as criminalidade no município tem diminuído. Mas essa não é a sensação da comunidade, a julgar pelas manifestações das pessoas presentes na audiência pública realizada na cidade pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta sexta-feira (4/5/12), na Câmara Municipal. O autor do requerimento para a reunião, deputado Paulo Guedes (PT), disse que “a audiência evidenciou que há um sentimento de insegurança muito grande, e é preciso haver investimentos para reverter essa situação”.

O comandante da 2ª Cia. Independente de PMMG, Paulo Eliedson Veloso, apresentou dados mostrando o declínio da ocorrência de crimes violentos na cidade e na região nos últimos cinco anos. De acordo com ele, esse tipo de crime serve para medir o nível de segurança da população. Em 2008, segundo explicou, houve 65 crimes violentos na microrregião do Alto Rio Pardo, número que caiu para 45 em 2009, 34 em 2010 e 31 em 2011.

Assassinatos – Os números referentes a homicídios em Taiobeiras apresentados pela PMMG e pela Polícia Civil são conflitantes em relação aos anos de 2009 e 2010. Para a PM, em 2009, houve cinco assassinatos e, em 2010, três. Segundo a Polícia Civil, foram seis homicídios em cada ano. Em 2011, segundo as duas corporações, ocorreram quatro assassinatos e, neste ano, até abril, três.

Ao abrir sua participação na audiência pública, Paulo Guedes leu várias manchetes de jornais locais a respeito de crimes violentos praticados em Taiobeiras e região e destacou a impunidade como um dos fatores que motivam os criminosos. Em resposta, o delegado da Polícia Civil de Taiobeiras, Alessandro da Silva Lopes, disse que, apesar da carência de efetivo e equipamentos para a instituição no município, o índice de elucidação de assassinatos é bem superior à média nacional, que não passa de 8%. Mesmo reconhecendo que os investimentos no setor são insuficientes, o delegado regional de Polícia Civil de Montes Claros, José Messias Sales Alves, garantiu que Minas Gerais hoje é referência na Segurança Pública.

O deputado Paulo Guedes lembrou que Taiobeiras desponta hoje como um polo de crescimento na região Norte de Minas, com um comércio forte e com perspectivas ainda maiores de investimentos, com a descoberta da existência de minério de ferro na região. “Mas toda cidade que cresce, infelizmente, a violência vem junto”, destacou. Segundo ele, o objetivo da reunião foi o de chamar a atenção das autoridades de segurança pública para o problema, o mesmo enfrentado por todo o Estado.

Ainda há tempo de agir, diz empresário

A criminalidade e o tráfico de drogas em Taiobeiras ainda estão em uma dimensão em que é possível combater. Dentro de cinco ou dez anos, isso poderá estar fora de controle, alertou o presidente da Associação Comercial de Taiobeiras, Carlito Pereira da Costa.

O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), chamou a atenção para a necessidade de participação da sociedade na prevenção e no combate ao crime. Segundo ele, 80% dos crimes são resolvidos com a colaboração popular. “Há formas de as pessoas fazerem denúncias anônimas, não podemos nos omitir”, disse ele, fazendo um apelo para que a população se sinta motivada a denunciar os criminosos. “Que a reunião tenha servido de alerta para mostrar que a segurança pública é dever de nós todos”, afirmou Durval Ângelo.

Essa também é a opinião do prefeito de Taiobeiras, Denerval Germano da Cruz. “A segurança pública é feita por todos e começa no seio da família, com os pais, com a boa convivência com os vizinhos. É uma imensa complexidade que precisamos constantemente discutir e aperfeiçoar”, afirmou.

Foi consenso no encontro que a criminalidade violenta está diretamente ligada ao crescimento do uso e tráfico de drogas. Mas o presidente da Câmara Municipal de Taiobeiras, Derval Figueiredo Neves Júnior, acrescentou que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) agravou a situação, na medida em que “veio para dar uma base e uma complacência ao menor infrator”. Segundo ele, mais de 90% dos crimes em Taiobeiras têm um menor de idade envolvido. Ele pediu a construção de um centro de recuperação para menores infratores no município. Segundo o vereador, na região há apenas um em Montes Claros, com 90 vagas para atender a todo o Norte de Minas, número considerado insuficiente.

Início – Aproveitando a presença de muitos jovens na plateia, o promotor de Justiça da Comarca de Taiobeiras, Bruno Oliveira Muller, mostrou como as crianças têm sido cooptadas pelos criminosos. Segundo ele, o primeiro traficante que chegou na cidade introduziu os menores no mundo do crime chamando-os para jogar futebol. “Esses jovens hoje são os maiores traficantes de Taiobeiras. As crianças começam no crime, porque, muitas vezes, os pais são alcoólatras, não têm estudo, e aí chega o traficante, que começa a obter o respeito desses menores”, explicou.

Também presente à reunião, o deputado Luiz Carlos Miranda (PDT) afirmou que “reestruturar os órgãos de defesa social de Minas é uma preocupação do governador Antonio Anastasia”. Como integrante da base do governo, ele disse que vai encaminhar ao Poder Executivo todas as demandas da reunião. Miranda concordou que a questão da droga é o mal maior a ser combatido. “É uma guerra que envolve todas as instituições. A ALMG vai estar junto com a população para combater e devolver a paz e a tranquilidade para o cidadão de bem”, prometeu.

Consulte o resultado da reunião.